Josias de Souza

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Opinião

PCC consolidou-se como máfia

Notabilizado internacionalmente pelo comércio de drogas, tráfico de armas e pelos assaltos, o Primeiro Comando da Capital consolidou-se no universo dos empreendimentos formais.

Não é de hoje que, mimetizando seus congêneres estrangeiros, o PCC infiltrou-se na política, cooptou agentes públicos, virou CNPJ e passou a firmar contratos com o Estado.

A novidade é que o aparato de controle estatal começa a roçar, com décadas de atraso, os subterrâneos da lavanderia do dinheiro do crime por meio da distribuição de dividendos de empresas formalmente constituídas.

Um par de operações deflagradas pelo Gaeco, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo, sinaliza que não é impossível combater a delinquência organizada.

A fórrmula que conduz ao êxito contém dois ingredientes manjados: cooperação entre órgãos estaduais e federais e uso de dados de Inteligência.

Juntos, o Gaeco, a PF, a Receita Federal e o Coaf seguiram o rastro do dinheiro para desbaratar esquema que vincula o PCC a empresas de ônibus contratadas pela prefeitura de São Paulo.

Desvendou-se também um arranjo que liga a facção a prestadoras de serviço privado de limpeza e vigilância contratadas por órgãos públicos de municípios paulistas e até do governo estadual.

O crime organizou-se porque o Estado, esculhambado, perdeu os fios de todas meadas —se é que um dia chegou a encontrar. Estudando o novelo, Brasília poderia costurar um modelo de cooperação nacional.

Entretanto, o Ministério da Justiça e o Congresso lidam com outras prioridades. Entre elas o projeto de lei que proíbe a "saidinha" de presos, parcialmente vetado por Lula.

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As autoridades dizem a todo instante que estão profundamente preocupadas com o aumento do crime organizado. Convém ajustar a lamúria. A criminalidade opera noutro patamar.

Ultraorganizado, o PCC consolidou-se como máfia. A maior facção do país percebeu que, fomalizado, o crime compensa muito mais.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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