Rua cheia não esvazia inquérito
A paisagem dispensaria palavras. Bolsonaro, Michelle, pastor Malafaia, deputados Nikolas e Gayer juntos no mesmo caminhão de som já sinalizava que a união faz a farsa. Mas como o bolsonarismo leva a virtude no coldre, os discursos foram inevitáveis. Soaram como rajadas de cinismo e mesmice.
O ato de Copacabana reforçou duas percepções que já estavam bastante nítidas. Embora o evento tenha atraído menos gente do que o da Avenida Paulista, está claro que Bolsonaro é capaz de encher o asfalto. A segunda percepção é que a rua cheia não esvazia os inquéritos que correm no Supremo Tribunal Federal.
Juridicamente, o ato foi ineficaz. A bajulação de Bolsonaro a Elon Musk, o "Pai Nosso" de Michelle, os chutes de Malafaia em Xandão, os "homens com testosterona" desejados por Nikolas e o puxa-saquismo de Gayer no idioma do dono do Planeta X... Nada disso apaga as culpas do investigado, já bem esquadrinhadas pela Polícia Federal.
Politicamente, Bolsonaro faz campanha para aliados e joga com o relógio. Aposta que, com o passar do tempo, a tentativa de golpe será um assunto chato. Imagina que, atacando a credibilidade de Moraes, equipa-se para contestar futuras condenações esgrimindo questões processuais semelhantes às que levaram à anulação das sentença as de Sergio Moro na Lava Jato.
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