Ao pedir passaporte, Bolsonaro trata Moraes como ex-Xandão
Bolsonaro e seus advogados protocolam petições no gabinete de Alexandre de Moraes mais ou menos como quem joga barro na parede. Se colar, colou. O investigado pedirá novamente a liberação do seu passaporte, para viajar a Israel.
Até a última quarta-feira, quem acompanhava a teimosia de Bolsonaro de longe via um investigado batendo com a cabeça na parede esperando transformá-la numa porta. De repente, abriu-se uma fresta na muralha erguida por Moraes.
Relator-geral das encrencas estreladas pelo capitão, Moraes arquivou o caso dos pernoites de Bolsonaro na embaixada da Hungria sem impor novas sanções cautelares a Bolsonaro. Absteve-se até mesmo de grudar uma tornozeleira na perna do potencial fujão.
Imaginando-se diante de um ex-Xandão, Bolsonaro decidiu testar a benevolência do seu algoz. Será a terceira tentativa de reaver o passaporte. Logo depois da apreensão, em fevereiro, a defesa pediu que a medida fosse substituída pela obrigação de pedir autorização prévia para deixar o país. Nada feito.
No final de março, Bolsonaro pediu autorização para viajar a Israel, a convite do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Nada feito. Agora, reitera o pedido com a mesma fundamentação.
É certo que a decisão sobre o refúgio na embaixada húngara estimula um redimensionamento de Moraes. Entretanto, se liberar o passaporte para que Bolsonaro faça turismo criminal em Israel, o ministro talvez tenha que passar a dormir numa caixa de fósforos.
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