País não resolve drama do clima, apenas sobrevive a ele. Ou morre
A exemplo do clima, o Brasil é um país marcado por extremos. Ou é cheio de problemas ou cheio de soluções. Como a extremidade da problemática raramente encontra a beirada da solucionática, o país nunca resolve a encrenca da emergência climática apenas sobrevive a ela. Ou morre, como acontece novamente nas inundações do Rio Grande do Sul.
Integrante do séquito que acompanhou Lula na visita ao drama gaúcho, Marina Silva propôs a adoção de um plano que permita ao Estado evoluir do problema para a solução nos municípios mais suscetíveis a desabamentos, enchentes e secas. As cidades foram mapeadas pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, o Cemaden. Hoje, o órgão monitora 1.038 minicípios. Há mais de um ano, quando o clima roncou no litoral paulista, a ministra disse basicamente a mesma coisa em entrevista ao UOL News.
O governo Lula discute o tema desde a fase da transição. Depois da posse, inaugurou-se um debate interministerial sobre um plano nacional de adaptação climática. Decorrido quase um ano e meio, a coisa ainda não foi à vitrine. Pior: muitas autoridades nem sabe que existe.
Na hora do desastre, não há o que fazer senão socorrer as vítimas. É a fase da mitigação dos danos. Passada a emergência, já ninguém se lembra de que é preciso acelerar a fase da adaptação. Como o país demora a se ajustar à nova normalidade climática, os desastres se sucedem. Duas vezes é coincidência, três é aviso, quatro é alarme, cinco é destino, infinitas vezes é inépcia.
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