Josmar Jozino

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Reportagem

Empresário morto detalhou provas que disse ter contra PCC; veja vídeo

O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, delator do PCC (Primeiro Comando da Capital), assassinado a tiros sexta-feira (8) no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, pediu segurança para o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo).

O pedido foi feito na presença de advogados dele para promotores de Justiça do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado), em janeiro deste ano, quando o empresário propôs fazer um acordo de delação premiada com a Promotoria

Na conversa com o MP, realizada por videoconferência e obtida pela coluna, Vinícius revelou que tinha provas contra integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) que o ameaçavam de morte, como áudios de conversas gravadas, mensagens de WhatsApp, cópias de documentos e recibos de pagamentos.

Vinícius se comprometeu a apresentar toda a documentação ao Gaeco, mas fez um apelo: afirmou que cada vez mais precisava de segurança e de amparo por parte da Promotoria. E acrescentou que já se considerava um morto-vivo. O MP-SP diz que ele recusou a segurança oferecida pelo Estado.

[Tenho] Comprovantes de pagamentos, tenho contrato, tenho matrícula, tenho as contas de onde vinha seguindo o dinheiro, então dá para a gente fazer o caminho inverso, tenho conversas de Whatsapp com os proprietários (...) Eu apresento, doutor, mas cada vez mais eu preciso de mais segurança. Então, eu precisava de um amparo de vocês também porque senão vocês estão falando com um morto-vivo aqui. Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, em videoconferência com o MP

O acordo de delação premiada foi homologado em 24 de abril de 2024 pelo juiz Leonardo Valente Barreiros, da 1ª Vafra de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital.

A reportagem apurou que o empresário havia contratado quatro seguranças para fazer a escolta dele, de um filho de 12 anos e de outrqs pessoas próximas. Os familiares ficavam muito apreensivos quando tinham de sair de casa. O medo era constante.

Foram contratados como escolta os PMs Leandro Ortiz, 39, Adolfo Oliveira Chagas, 34, Jefferson Silva Marques de Sousa, 29, e Romarks César Ferreira de Lima, 35. Eles não conseguiram impedir a morte do empresário no terminal 2 do aeroporto, onde a vítima sofreu a emboscada.

Os policiais militares foram afastados das funções de rua, tiveram os telefones celulares apreendidos pela 3ª Deatur (Delegacia de Atendimento ao Turista) do aeroporto de Guarulhos, onde prestaram depoimento e são investigados também pela Corregedoria da PM.

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Vinícius havia retornado de viagem de Maceió, Alagoas, com a namorada Maria Lúcia Helena Antunes e o amigo e motorista Danilo Lima Silva, 35. O empresário tinha ido ao Nordeste para cobrar uma dívida.

O casal de namorados estava feliz e retornou a São Paulo em um voo da Latam. A reportagem apurou que Maria ocupava o assento 4F (janela) e ele, o de número 4E, no meio, ao lado da namorada.

Na bagagem do empresário havia R$ 1 milhão em joias. Era o pagamento da dívida que foi quitada em Maceió. Os anéis, colares, pulseiras, brincos e correntes foram entregues ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) pela namorada dele. O telefone celular de Maria também foi apreendido pela polícia.

Outro morto e dois feridos

Vinícius foi morto com 10 tiros de fuzil. Os disparos atingiram a cabeça e o abdômen e também mataram o motorista de aplicativo Celso Araújo Sampaio de Novais, 41. Os tiros feriram ainda a técnica Samara Lima de Oliveira, 28, e Willian Sousa Santos, 39, funcionário de uma terceirizada do aeroporto.

Os três foram levados para o Hospital Geral de Guarulhos. Samara foi atingida superficialmente no abdômen e acabou liberada. Celso levou um tiro nas costas, permaneceu internado na UTI, mas não resistiu. William sofreu ferimentos na mão direita e ombro e ficou em observação, mas já foi liberado.

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A Polícia Civil já sabe que o empresário foi atacado por dois homens. Eles usavam balaclava para esconder os rostos. Após os disparos, ambos entraram em um Gol preto, onde um motorista os aguardava, e fugiram.

O carro está em nome de um proprietário de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. O veículo foi abandonado nas imediações do aeroporto e dentro dele havia munição de fuzil e um colete à prova de bala. As armas usadas no crime também foram encontradas.

Pivô de conflito no PCC

Vinícius era o pivô de uma guerra interna no PCC e as ameaças contra ele se intensificaram no começo deste semestre, após ter feito delação premiada denunciando integrantes da facção criminosa e também policiais civis acusados de corrupção.

Ele e o agente penitenciário David Moreira da Silva, 38, foram acusados pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), pelos assassinatos de Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, e Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue.

As vítimas foram mortas a tiros às 12h10 de 27 de dezembro de 2021 em frente ao número 110 da rua Armindo Guaraná, no Tatuapé, zona leste paulista. Noé Alves Schaum, 42, acusado de ser o executor do crime, foi assassinado em 16 de janeiro de 2022, no mesmo bairro.

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Cara Preta era um integrante influente do PCC e envolvido com o tráfico internacional de drogas e outros delitos. Já Sem Sangue era o motorista e braço direito dele. As ameaças contra Vinícius começaram após essas mortes.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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