Trump leva bolsonarismo à Lua
O tiro que não matou Donald Trump pode ter ferido de morte o plano de reeleição de Joe Biden. Disseminou-se rapidamente a percepção segundo a qual o atentado potencializou o favoritismo de Trump. Animado, Bolsonaro anotou nas redes sociais que verá o seu ídolo político "na posse".
O bolsonarismo enxerga o eventual retorno de Trump à presidência dos Estados Unidos como parte da estratégia para obter no Brasil a reabilitação política de Bolsonaro. O senador Ciro Nogueira, ex-chefe da Casa Civil, já proclama em voz alta o que antes era apenas sussurrado.
Ciro diz não ter dúvida de que o sucesso de Trump impulsionará a aprovação no Congresso de uma anistia para cancelar a inelegibilidade imposta a Bolsonaro pelo TSE. Alheio a travas constitucionais, avalia que deputados e senadores podem anular até eventuais futuras sentenças criminais do Supremo, inclusive no inquérito sobre tentativa de golpe de Estado.
Pelas contas do ex-ministro de Bolsonaro, que preside o PP, mesmo partido de Arthur Lira, já haveria uma maioria pró-anistia na Câmara. No Senado, faltariam cerca de oito votos. Otimista, Ciro estima que esses votos serão obtidos antes de 2026, pois alguns senadores que precisam renovar os mandatos cobiçariam o apoio de Bolsonaro.
Como disse o padre Antonio Vieira, "cada um sonha como vive". Uma tormenta judicial parece aproximar Bolsonaro de um pesadelo. Mas o avanço de Trump rumo à Casa Branca inspirou a instalação de um acampamento bolsonarista no mundo da Lua.
Opinião
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