Josias de Souza

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Lula escorrega pela segunda vez na casca de banana da anistia

Alexandre de Moraes parecia interessado em fechar a porta para um encosto quando declarou, no final do mês passado, o seguinte: "Quem admite anistia ou não é a Constituição Federal, e quem interpreta a Constituição é o Supremo Tribunal Federal". Mas Lula age como se desejasse fazer o jogo de Bolsonaro. Escorregou na casca de banana da anistia pela segunda vez em vinte dias.

Na véspera da declaração de Moraes, Lula admitira a hipótese de uma anistia para os encrencados no 8 de janeiro. "Quando tiver todo mundo processado, ou livre de processo, aí tudo bem, podemos perdoar pessoas que estão presas há muito tempo. Anistia é para isso", disse ele à rádio Itatiaia.

Nesta quarta-feira, falava à TV Record sobre o "momento muito bom que vive o Brasil" quando deslizou novamente: "Tem um monte de gente que nem foi condenado ainda e já querem anistia. Significa que essas pessoas estão dizendo 'eu sou culpado'", declarou Lula, antes de reabrir uma fresta para o perdão: "Primeiro, você espera ser condenado, você vai ser processado, julgado, aí, sim, você pode discutir anistia".

Partiu de Bolsonaro a ideia de anistiar "os pobres coitados presos em Brasília." Ele jogou sua casca sob os pés da República de cima de um caminhão de som, na Avenida Paulista, em fevereiro. No mesmo discurso, pregou a "pacificação". Também falou em "passar uma borracha no passado".

Desde então, Bolsonaro foi indiciado nos inquéritos sobre falsificação de cartões de vacina e desvio de joias do acervo presidencial. Frequenta agora o noticiário como protagonista do enrosco da Abin Paralela. Retornará às manchetes com o indiciamento pela tentativa de golpe.

Falar em anistia numa hora dessas é o mesmo que supor que o encosto criminoso e todo o alto comando do golpe não cometeram senão deslizes perdoáveis. Lula deveria ser o último personagem a admitir semelhante despautério.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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