Marçal é vírus político contra o qual nem Bolsonaro está imune
Imaginou-se que os horrores que deram no 8 de janeiro funcionariam como uma vacina. Cada dose de irracionalidade reforçaria os anticorpos que protegeriam a sanidade nacional. Se a ascensão relâmpago de Pablo Marçal serve para alguma coisa é para alertar que a indignação e a resignação ainda não encontraram um ponto de equilíbrio nas veias do sistema político brasileiro.
Vacinas imunizam contra vírus rotineiros. A boça digital raivosa de Marçal revelou-se uma variante da boçalidade para a qual nem Bolsonaro está imune. A candidatura de Marçal é feita da mesma gosma antipolítica. Mas o vírus chegou ao topo do Datafolha cavalgando, além da milícia digital remunerada, uma ficha criminal e um partido com PCC.
A corrida pela Prefeitura de São Paulo invadiu o terreno do insondável. O fenômeno Marçal revelou-se até aqui imune a todas as defesas tradicionais da marquetagem. Os estrategistas dos comitês rivais perguntam aos seus botões: padrinhos poderosos, fuga dos debates e propaganda na TV são soluções ou remédios fora do prazo de validade?
Marçal não é um bom exemplo. Mas já virou um ótimo aviso. Banalizando-se em São Paulo, o surto pode evoluir para uma endemia de abjeção com potencial para infectar a sucessão de 2026. Tarcísio de Freitas talvez comece a fazer a arminha. E Lula pode estar prestes a ganhar o álibi que procurava para reivindicar um quarto mandato.
Deixe seu comentário