Única certeza na eleição de SP é que Bolsonaro sairá perdendo
As incertezas sobre o resultado da corrida à prefeitura de São Paulo sobreviveram ao debate realizado na noite de quinta-feira na TV Globo. Nele, Guilmerme Boulos e Pablo Marçal protagonizaram os principais embates, relegando Ricardo Nunes ao papel de coadjuvante. A ausência de um nocaute manteve o cenário de indefinição que marca a eleição de domingo.
Em meio à atmosfera de dúvida, há na praça uma única e incontornável certeza: seja qual for o resultado da eleição paulistana, Bolsonaro sairá perdendo. Em política, tudo é permitido, exceto a dubiedade. Bolsonaro exagerou no zigue-zague. Durante a campanha, perambulou desnorteado entre as candidaturas de Ricardo Nunes e Pablo Marçal.
Após arrastada negociação, Bolsonaro impôs um vice a Ricardo Nunes. Depois, disse que o prefeito não era o candidato dos seus sonhos. Elogiou Marçal. Em recuo parcial, acenou novamente para Nunes. Mas recusou-se gravar para a propaganda eleitoral. Fugiu dos atos de campanha. Foi surpreendido com a revoada do seu eleitorado. No último Datafolha, 51% dos paulistanos que votaram no capitão em 2022 declararam voto em Marçal.
Além do eleitorado bolsonarista, Marçal arrasta na reta final o apoio de notórios aliados políticos de Bolsonaro. Gente como os deputados Nikolas Ferreira, Ricardo Salles, Marco Feliciano e Carla Zambelli. Em viés de alta no Datafolha, Marçal ameaça os planos de Nunes. Revertendo-se a expectativa, a eventual passagem do prefeito para o segundo turno será creditada não a Bolsonaro, mas a Tarcísio de Freitas, hoje o principal cabo eleitoral de Nunes.
Num hipotético segundo turno entre Marçal e Guilherme Boulos, o bolsonarismo cairia por gravidade no colo de um personagem que não esconde a pretensão de ocupar —perdendo ou ganhando a eleição —os espaços abertos no território da direita pela inelegibilidade do "mito". Mais bolsonarista do que o próprio Bolsonaro, Marçal toma de assalto o bolsonarismo.
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