Tarcísio se dispõe a afundar com Bolsonaro até o último glub-glub
Em política, como na vida, cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém, desde que a galinha não seja golpista. Alheio às evidências que levaram a Polícia Federal a colocar Bolsonaro para ciscar como indiciado dentro do inquérito sobre a trama do golpe, Tarcísio de Freitas exagerou no comedimento.
Desafiando a teoria de Darwin, Tarcísio tratou realidade como ficção: "Há uma narrativa disseminada contra Bolsonaro e que carece de provas".
Recusando-se a aceitar Copérnico, o governador manteve a mão direita na alça do caixão do criador e os pés no mundo da Terra Plana, onde o mito "respeitou o resultado da eleição e a posse [de Lula] aconteceu em plena normalidade e respeito à democracia".
O Titanic tornou-se, com o tempo, a melhor metáfora para enredos trágicos. No momento, nenhuma imagem é mais fascinante a bordo do bolsonarismo do que a de Tarcísio deslizando pelo convés como músico fiel de uma orquestra a caminho do fundo. Com as caldeiras explodindo, a água invadindo o trombone, Tarcísio continua seguindo a batuta do capitão, sem desafinar.
É como se o governador ouvisse um comando interior de Bolsonaro: "Toque, continue tocando. Com brio!".
A conjuntura já ofereceu muitas oportunidades para um desembarque de Tarcísio. Mas ele exibe uma disposição para afundar com Bolsonaro até o último glub-glub. Mais um pouco e não haverá botes salva-vidas à disposição.
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