Líderes de assalto a Cumbica têm elo com PCC e série de crimes sem punição
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Resumo da notícia
- Assalto que levou mais de 700 kg de ouro de aeroporto em SP completa 1 ano
- Mentores do roubo têm três décadas de crimes registrados, fugas e penas prescritas
- Documento do Ministério Público aponta elos do grupo com lideranças do PCC
- Destino do ouro roubado permanece um mistério para as autoridades
Os quatro principais ladrões do roubo de 734 kg de ouro do Aeroporto Internacional de Guarulhos no ano passado vinham agindo livremente havia três décadas e mantinham laços com a liderança do PCC (Primeiro Comando da Capital). A carga estava avaliada em R$ 117,5 milhões.
Antes da ação cinematográfica em julho de 2019, eles cometeram uma série de assaltos milionários no Brasil e no Paraguai, a partir dos anos 1990. No "currículo" dos criminosos constam outra tentativa de assalto em aeroporto e uma invasão a base da Polícia Militar, resultando em policiais presos e criminosos libertados.
Relatório do MP (Ministério Público), concluído em 21 de maio de 2020, detalha que o assaltante Francisco Teotônio da Silva Pasqualini, 56, o "Veio", preso em janeiro deste ano, foi o mentor do roubo dos 734 kg de ouro.
Até então, em três décadas de criminalidade, Pasqualini havia ficado um ano atrás das grades, em prisão preventiva. Chegou a ficar 18 anos foragido.
Desde 1994 ele integrava o bando de Ailton Ferreira da Silva, o Tico Preto, um dos homens da cúpula do PCC mantido no Presídio Federal de Porto Velho.
O roubo milionário no terminal de cargas de Cumbica, planejado e liderado por Pasqualini e seus comparsas, completa um ano neste sábado. O processo continua em andamento e até agora a polícia paulista não sabe onde foram parar os 734 kg de ouro.
Quadrilha prendeu policiais e libertou criminosos em MT
Em julho de 1999, a quadrilha do "Veio" protagonizou uma ação ousada. Os ladrões invadiram a base da Polícia Militar da cidade de Canarana (MT), dominaram e amordaçaram os policiais em serviço.
Os criminosos seguiram até a delegacia da cidade, onde prenderam os policiais civis nas celas da cadeia pública e soltaram todos os bandidos.
Depois, invadiram três agências bancárias e fugiram levando R$ 200 mil. As armas e o dinheiro foram escondidos em um caminhão-tanque.
Pasqualini tentou assalto no aeroporto de Fortaleza em 1994
Em outubro de 1994, Pasqualini tentou roubar um caminhão que transportava valores do aeroporto de Fortaleza a uma agência do Banco Central na capital cearense.
O roubo não deu certo graças à denúncia anônima. O ladrão foi preso em flagrante, mas não ficou atrás das grades. Acabou condenado por este crime no ano 2000, a 12 anos de prisão, mas como esteve foragido a pena prescreveu.
Em abril de 1999, Pasqualini e Tico Preto voltaram a agir. Dessa vez roubaram R$ 1,1 milhão - valor hoje equivalente a R$ 5,2 milhões - de uma agência bancária na cidade de Sete Lagoas (MG). Os criminosos sequestraram as famílias de gerentes do banco.
A quadrilha amarrou granadas nas vítimas e ameaçou explodir os artefatos caso o dinheiro do cofre não fosse entregue. O assalto foi bem sucedido e Pasqualini conseguiu fugir.
Assaltante ficou um ano preso, acabou libertado e mais tarde absolvido
Em setembro de 1999, Pasqualini e Tico Preto comandaram o roubo de R$ 900 mil - hoje equivalentes a R$ 4 milhões - do carro-forte de uma transportadora de valores em Maringá (PR). Houve perseguição e troca de tiros com policiais militares. Três criminosos morreram.
Pasqualini foi preso em flagrante. E mais uma vez não ficou muito tempo na cadeia: apenas 30 dias. Fugiu e só foi recapturado em 14 de setembro de 2005, e teve a prisão preventiva decretada pelo roubo na cidade de Canarana, quando amordaçou policiais.
Em 6 de dezembro de 2006 foi colocado em liberdade provisória por excesso de prazo para o término da instrução processual. Anos mais tarde foi absolvido por falta de provas.
Policiais civis voltaram a prendê-lo em 14 de julho de 2011, dessa vez pela acusação de tráfico de drogas. Na casa dele foi encontrada grande quantidade de cocaína. O processo foi arquivado porque muita gente morava na residência e não foi possível provar de quem era o entorpecente.
O assaltante foi preso definitivamente em janeiro deste ano. Mas, até 2018, quando a polícia pesquisou o BNMP (Banco Nacional de Monitoramento de Prisões), o nome dele constava como preso no Ceará pela tentativa de roubo ao caminhão de valores no aeroporto de Fortaleza. Essa prisão nunca ocorreu.
Lima, o "ourives" da quadrilha
Outro mentor do roubo do ouro em Cumbica, o "ourives" Marcelo José de Lima, 45, o "Febronho", também mantinha relações com o PCC. Segundo o Ministério Público, ele participou do roubo de R$ 40 milhões da empresa Prosegur no Paraguai e está com a prisão preventiva decretada pela Justiça de Foz do Iguaçu (PR).
A ação foi executada por integrantes da facção paulista. Exames de DNA comprovaram a participação de Lima no maior assalto registrado em território paraguaio. Ele é suspeito ainda de ter escoado o ouro levado de Cumbica. Numa caderneta apreendida com ele havia anotações de valores milionários, compra de imóveis e até de cotação do grama do metal.
Em junho de 1997, Lima foi condenado a nove anos por tráfico de drogas. Fugiu e a pena acabou prescrita em 2 de junho de 2015.
O "ourives" foi preso em novembro de 2019. Por ser portador de câncer na mama esquerda, com metástase nos ossos e linfonodos, a Justiça concedeu a prisão domiciliar para o assaltante em abril deste ano.
"Capim" foi preso e "Louro" segue foragido
O parceiro dele, Marcelo Ferraz da Silva, 49, o "Capim", também preso em novembro de 2019 pelo roubo em Cumbica, é outro integrante do bando com graves antecedentes criminais. Em 12 de setembro de 1989, ele foi condenado a 22 anos e seis meses por latrocínio (roubo seguido de morte). Ficou foragido e o crime prescreveu em 8 de março de 2013.
O assaltante Joselito de Souza, 52, o "Louro" é o único integrante do bando de Cumbica ainda não recapturado. Ele tem condenação por tráfico de drogas e seu paradeiro é um mistério.
Em novembro de 2013, Souza e outros 174 parceiros do PCC, incluindo a liderança máxima da facção criminosa presa à época na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, a 610 Km da capital, foram denunciados à Justiça por associação à organização criminosa.
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