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Josmar Jozino

PM confunde tenente reformado com ladrão e o chama de nojento em abordagem

Caso ocorreu na sexta-feira (17) em Mogi das Cruzes (SP) - Divulgação
Caso ocorreu na sexta-feira (17) em Mogi das Cruzes (SP) Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

19/07/2020 09h39Atualizada em 19/07/2020 10h48

O tenente reformado da Polícia Militar Jorge de Jesus da Silva, 57, foi chamado de nojento por colegas de farda durante uma abordagem da Polícia Militar na tarde de sexta-feira (17) em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo.

Jesus foi parado por um policial e duas policiais às 14h30, quando estava em frente ao hospital Santana, no centro de Mogi, por onde circulam milhares de pessoas todos os dias.

Uma policial desceu da viatura e ordenou que o tenente colocasse as mãos na cabeça e virasse de costas para ela. O policial reformado pediu calma e afirmou que era militar também.

Porém, segundo a versão de Jesus, publicada até em redes sociais, a policial respondeu para ele: "cala a boca Zé". Na sequência apareceu outro policial e perguntou para o tenente o que ele tinha nos bolsos.

Jesus respondeu que guardava moedas, escova e cremes dentais. O policial da viatura então retrucou, ofendendo-o: "enfia a mão no bolso e pega, pois não quero por a mão em você porque você é nojento".

A Polícia Militar esclarece que as informações estão sob análise do comando local.

Os policiais responsáveis pela abordagem pegaram a carteira funcional de Jesus e mostraram para a tenente, identificada como Aline, a encarregada da viatura.

Segundo Jesus, a oficial informou que ele foi abordado porque era parecido fisicamente com um ladrão de bicicletas de Mogi das Cruzes, cuja descrição foi passada por foto à guarnição.

O tenente classificou o episódio de lamentável. A reportagem apurou que Jesus entrou com uma representação no 17º Batalhão contra os policiais que o abordaram.

Em conversa com a reportagem na noite deste sábado (18), Jesus afirmou que vai se reunir com o comando do 17º Batalhão e aguardar o resultado da apuração do caso. Ele admitiu ter passado por constrangimento.

A situação vexatória a qual Jesus foi exposto acontece diariamente em bairros pobres da periferia, onde alguns policiais militares cometem excesso durante as abordagens e chegam a agredir jovens, menores e até mulheres.

Jorge de Jesus da Silva ingressou na Polícia Militar em 27 de fevereiro de 1987. Antes de se aposentar, ele serviu no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo, no Morumbi, zona oeste.