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Prisões federais têm mais líderes do PCC do Paraguai do que de São Paulo
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As cinco penitenciárias federais do Brasil têm mais líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) do Paraguai do que toda a liderança máxima de São Paulo, representada pelas duas principais células da organização criminosa, chamadas de "sintonia final geral" e "sintonia dos estados e países".
Os líderes do PCC que já passaram pelo Paraguai e estão em presídios federais são os narcotraficantes Jarvis Chimenes Pavão, 53; Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, 35, o Minotauro; Thiago Ximenez, o Matrix; e Levi Adriano Felício, 55.
A lista inclui ainda Marcelo Moreira Prado, 44, o Sem Querer; Eduardo Aparecido de Almeida, 40, o Pisca; Giovanni Barbosa da Silva, 30, o Koringa; Wesley Neres dos Santos, 35, o Bebezão; Anderson Meneses de Paula, 33, o Tuca; e Willian Meira do Nascimento, 49, o Bruxo.
Esses dez criminosos integram a célula PCC-Paraguai. Já a alta cúpula da facção ou "sintonia final geral", de São Paulo, é formada por quatro presos: Marco Willians Herbas Camacho, 53, o Marcola; Roberto Soriano, 48, o Tiriça; Júlio César Guedes de Moraes, 49, o Carambola; e Abel Pacheco de Andrade, 46, o Vida Loka.
A "sintonia dos estados e países" também reúne quatro presos apontados como líderes principais e mais antigos do núcleo: Cláudio Barbará da Silva, 59, o Barbará; Célio Marcelo da Silva, 49, o Bin Laden; Rogério Araújo Taschini, 45, o Rogerinho; e Almir Rodrigues Ferreira, 42, o Nenê do Simeone.
A superioridade numérica dos líderes da célula "PCC-Paraguai" presos e transferidos para unidades federais administradas pelo Depen (Departamento Penitenciário Nacional) mostra a expansão da maior facção brasileira não apenas em terras paraguaias, mas também na Bolívia e na Argentina.
A atuação do PCC na região de fronteira tem um objetivo: controlar o tráfico de drogas na região. A hegemonia se consolidou a partir de 2017, mas teve início em meados de 2007, quando o PCC mandou o emissário Vagner Roberto Raposo Olzon, o Fusca, para o Paraguai e a Bolívia.
Internacionalização do PCC
Fusca se encontrou com o narcotraficante paraguaio Carlos Alberto Caballero, o Capilo. Foi o começo do processo de internacionalização do PCC no mercado de drogas. A meta, já naquela época, era negociar o fornecimento mensal de uma tonelada de cocaína.
Na noite de 30 de março de 2011, mais um emissário do PCC cumpria nova missão na região de fronteira. Ilson Rodrigues de Oliveira, o Teia, liga para Abel Pachedo de Andrade, o Vida Loka - integrante da "sintonia final geral" do PCC -, à época preso na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau.
Teia diz ao comparsa que está na "quebrada" (Paraguai) para trocar ideias (conversar) com os "thuchucos" (líderes do PCC na região) no sentido de fazer investimento milionário na compra mensal de 300 kg de cocaína para a "família" (PCC) e mais 300 kg para particulares (líderes da facção).
Essa conversa foi monitorada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Presidente Prudente, do Ministério Público de São Paulo e está transcrita na maior denúncia já oferecida contra 175 integrantes do PCC, em 9 de setembro de 2013, cujas investigações foram conduzidas pelo promotor Lincoln Gakiya.
Dez anos se passaram após a viagem de Teia ao Paraguai. A região de fronteira permanece até os dias atuais sob o domínio do PCC. Quando um líder é preso, expulso do território paraguaio e mandado para presídio federal no Brasil, o grupo imediatamente arruma um substituto.
A presença do PCC na região de fronteira levou violência, medo e terror ao país vizinho. Segundo policiais dos dois países, no ano passado foram assassinadas 109 pessoas nas cidades de Pedro Juan Caballero (Paraguai) e e Ponta Morã (MS).
As disputas por poder e dinheiro dentro da principal organização criminosa do Brasil são narradas na segunda temporada do documentário do "PCC - Primeiro Cartel da Capital", produzido por MOV, a produtora de documentários do UOL, e o núcleo investigativo do UOL.
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