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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Brasileira suspeita de lavar dinheiro do narcotráfico é procurada na Europa

Ex-major Sergio Roberto de Carvalho, o Escobar brasileiro - Reprodução
Ex-major Sergio Roberto de Carvalho, o Escobar brasileiro Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

23/11/2021 04h00Atualizada em 31/05/2023 09h56

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A brasileira Olívia Christina de Paula Traven, 44, é uma das mulheres mais procuradas na Europa. Ela é investigada por suspeita de lavagem de dinheiro do ex-major Sérgio Roberto de Carvalho, 63, o Major Carvalho, também foragido e considerado um dos maiores narcotraficantes do mundo.

Olívia está com prisão preventiva decretada pela 14ª Vara Federal de Curitiba (PR), desde novembro do ano passado. No mês seguinte, também por decisão judicial, o nome dela foi incluído na difusão vermelha da Interpol, a Polícia Internacional.

Segundo investigações da Polícia Federal, Olívia é responsável por administrar no Exterior os negócios ilícitos do Major Carvalho, também chamado de "Escobar brasileiro" na Europa, em referência ao narcotraficante colombiano Pablo Escobar.

A PF apurou que a brasileira intermediou a negociação de uma casa de alto padrão em Málaga, na Espanha, em nome de Paul Wouter, um dos nomes falsos utilizados pelo Major Carvalho, um ex-oficial da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul.

O imóvel foi avaliado em 2,2 milhões de euros e fica no balneário de Marbella, um dos lugares mais bonitos do litoral espanhol, na região da Andaluzia. Era lá que o "Escobar brasileiro" levava uma vida de luxo antes de fugir.

Os federais descobriram também que para concretizar o negócio foi solicitada a transferência de valores em favor de uma empresa do espanhol Cristóbal Mena López, 57. Natural de Málaga, ele é casado no papel com a brasileira.

Nascida em Campo Grande (MS), Olívia também tem a nacionalidade espanhola. A Polícia Federal suspeita que ela é namorada ou companheira do Major Carvalho e que o casamento com o espanhol é de "fachada" e foi um meio usado pelo casal para lavar o dinheiro do narcotraficante.

De acordo com os federais, em junho de 2018 Olívia e o Major Carvalho viajaram no mesmo voo, em Belo Horizonte, com destino a Lisboa. Foi na capital portuguesa que a polícia local encontrou 11 milhões de euros do narcotraficante no ano passado.

O dinheiro estava escondido em uma van estacionada na garagem de um prédio onde o foragido havia alugado um apartamento, na avenida da Liberdade, uma das mais famosas da cidade.

O Major Carvalho é procurado nos Emirados Árabes, na Espanha, em Portugal e na Ucrânia. Em 2018, ele chegou a ser preso em território espanhol, com duas toneladas de cocaína. Porém, pagou fiança e nunca mais foi localizado pela polícia europeia.

Toneladas de cocaína para Europa

Pelas estimativas da Polícia Federal, no período de 2017 a 2020, o Major Carvalho enviou, via portos brasileiros, 49 toneladas de cocaína para a Europa, avaliadas em R$ 2,5 bilhões. Além de imóveis na Espanha, ele tem propriedades em Lisboa e Dubai (Emirados Árabes), além de aeronaves.

Advogados de Olívia Traven sustentam que ela é realmente casada com o espanhol Cristóbal Lopez e que os atos criminosos do Major Carvalho não dizem respeito à brasileira e também que ela não tinha conhecimento da área de atuação dele.

Segundo os defensores, Olívia é inocente de todas as acusações e a intermediação de compra de imóveis, da qual a cliente é acusada pela Polícia Federal, não é ilegal, mas sim uma profissão regulamentada e ela inclusive recebeu por isso.