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Justiça de SP absolve dois réus acusados de movimentar R$ 1 bilhão do PCC
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A Justiça absolveu os presos Patric Velinton Salomão, 41, o Forjado, e Wagner Rodrigo dos Santos, 43, o Branquinho, das acusações de associação à organização criminosa e lavagem de dinheiro. Ambos foram denunciados pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), junto com outros 18 réus, por integrar o PCC (Primeiro Comando da Capital) e por ocultar a movimentação de R$ 1 bilhão da facção criminosa no período de janeiro de 2018 a julho de 2019.
Os processos envolvendo os demais réus foram desmembrados e continuam tramitando em fase final. Os nomes dos acusados aparecem no novo organograma do PCC divulgado no dia 14 de setembro de 2020, quando o MP-SP deflagrou a operação Sharks (tubarões em inglês).
O nome da operação é em alusão ao apelido de Robson Sampaio de Lima, 31, o Tubarão, preso em 8 de agosto de 2018 na região de Itaquera, zona leste de São Paulo. Com ele policiais militares apreenderam aparelhos de telefone celular e notebook.
Segundo investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), subordinado ao MP-SP, no notebook apreendido com Tubarão havia planilhas contendo a movimentação bilionária do PCC com o tráfico de drogas e também os apelidos dos réus denunciados à Justiça.
A denúncia diz que Patric, mesmo preso, fazia diversas remessas de valores para os cofres do PCC, que eram contabilizados pelo setor financeiro da facção criminosa com entradas em nome de RB, que seria um dos apelidos dele.
O juiz Thiago Baldani Gomes De Filippo, da 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital, entendeu que não há no processo elementos seguros para imputar a responsabilidade penal ao réu.
Segundo o magistrado, a única prova material que poderia vincular Patric aos crimes seria uma carta supostamente escrita por ele, na qual o réu se identificaria como RB, para passar determinações aos comparsas em liberdade.
Na sentença de absolvição, o juiz menciona que a perícia apurou que a grafia não partiu do punho de Patric e que por isso é nebulosa a origem da atribuição do apelido RB ao acusado, não havendo, portanto, provas seguras desse fato.
O réu Wagner, conhecido como Branquinho, foi acusado de ter movimentado, quando estava preso, R$ 7,8 milhões para o setor financeiro do PCC com a venda de drogas na Baixada Santista. Nas planilhas, ele aparece também com os apelidos de Peixeiro, França e PX.
No entendimento do magistrado, há razoável dúvida acerca de autoria de Wagner nos crimes. O juiz se baseou em um levantamento realizado pela Prodesp (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo), feito pela empresa a pedido dos defensores do réu.
A Prodesp apurou que há 244 registros de criminosos com apelido de Peixeiro; 225 de França e 299 de Branquinho. O juiz observou que Wagner está preso desde fevereiro de 2019 e que não há provas de como teria feito ecoar suas ordens de dentro do cárcere, "seja por interposta pessoa ou seja pela ilegalidade, através de telefone celular".
O juiz expediu alvarás de soltura para os dois presos. Wagner estava até ontem recolhido na Penitenciária 1 de Avaré (SP). Patric cumpre pena na Penitenciária Federal de Brasília. Ambos, no entanto, respondem a outros processos.
O sequestro de Cebola
Dos 20 réus denunciados na Operação Sharks, dois continuam foragidos. Um deles, Marcos Roberto de Almeida, 51, o Marquinhos Tuta, é apontado como o chefe do grupo e também como a principal liderança do PCC nas ruas. O Gaeco suspeita que ele está escondido na Bolívia.
O outro foragido é Sílvio Luiz Ferreira, 44, o Cebola. Informações extra-oficiais dão conta de que Cebola foi sequestrado neste fim de semana e assassinado na guerra interna do PCC.
Na manhã do último domingo (23), guardas-civis metropolitanos encontraram o corpo do parceiro dele, Cláudio Marcos de Almeida, o Django, sob o viaduto da Vila Matilde, na zona leste de São Paulo. Ele foi sequestrado e enforcado.
No último dia 27, Anselmo Becheli Fausta Nova, 38, comparsa de Django e Cebola, foi assassinado a tiros no Tatuapé, zona leste paulistana. Os três comandavam o tráfico de drogas na Favela Caixa D'Água, em Cangaíba, zona leste.
Eles também eram ligados a Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, da alta cúpula do PCC. Ambos foram mortos a tiros em fevereiro de 2018 na região metropolitana de Fortaleza, no Ceará.
As disputas por poder e dinheiro dentro da principal organização criminosa do Brasil são narradas na segunda temporada do documentário do "PCC - Primeiro Cartel da Capital", produzido por MOV, a produtora de documentários do UOL, e o núcleo investigativo do UOL.
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