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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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'Maria do Pó' só entrou na Difusão Vermelha da Interpol 12 anos após a fuga

Sonia Aparecida Rossi, conhecida como Maria do Pó, em imagem divulgada na CPI do Narcotráfico, em São Paulo, em 2001 - Reprodução
Sonia Aparecida Rossi, conhecida como Maria do Pó, em imagem divulgada na CPI do Narcotráfico, em São Paulo, em 2001 Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

22/03/2022 04h00Atualizada em 22/03/2022 14h51

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O nome de Sonia Aparecida Rossi, 61, conhecida como Maria do Pó, a narcotraficante mais procurada do Brasil, só foi incluído na Difusão Vermelha da Interpol (Polícia Internacional) em 19 de outubro de 2018. A demora foi de 12 anos, 7 meses e 10 dias.

Condenada a 33 anos e 11 meses, Maria do Pó escapou da Penitenciária Feminina de Sant'Anna, no Carandiru, zona norte de São Paulo, às 13h de 9 de março de 2006. Pelo que se sabe, até hoje nenhum funcionário do sistema prisional foi responsabilizado criminalmente pela fuga da presidiária.

Mas foi somente em 19 de outubro de 2018, a pedido da Polícia Federal, que a narcotraficante teve o nome incluído na lista de procurados da Interpol. A informação da PF à época era a de que Maria do Pó poderia estar escondida no Paraguai, um dos refúgios de criminosos brasileiros no Mercosul.

A fuga dela acaba de completar 16 anos. Nesse período, a seleção brasileira de futebol disputou e perdeu quatro Copas do Mundo (2006, 2010, 2014 e 2018). O Brasil elegeu quatro presidentes da República (Luiz Inácio Lula da Silva em 2006; Dilma Rousseff em 2010 e 2014; e Jair Bolsonaro em 2018.)

Neste ano, o Brasil disputará outra Copa do Mundo. Será no Qatar. As autoridades continuam sem pista do paradeiro de Maria do Pó. Em São Paulo, o Poder Judiciário sabe que a pena dela vai prescrever em 9 de novembro de 2032 e que, se a criminosa não for capturada até lá, deverá ficar livre de vez.

Driblando as polícias

Maria do Pó vem driblando as autoridades policiais e carcerárias desde janeiro de 1999, quando foi flagrada na região de Campinas (SP) com 340 kg de cocaína. Mesmo assim a narcotraficante foi liberada pelos policiais civis que a prenderam.

A droga apreendida com ela foi encaminhada para o Instituto Médico Legal de Campinas, mas sumiu misteriosamente alguns dias depois. Maria do Pó voltou a ser presa em 14 de fevereiro de 1999, em Mogi das Cruzes, na região metropolitana de São Paulo.

A narcotraficante ficou presa pouco mais de um mês. Ela conseguiu fugir da Penitenciária Feminina do Tatuapé, na zona leste de São Paulo, em 28 de março de 1999. Ninguém explicou como a presidiária teve acesso a uma arma de fogo na cadeia.

A fuga da criminosa foi mais um escândalo. O primeiro já tinha sido a liberação dela, por policiais civis de Campinas, após ter sido flagrada com 340 kg de cocaína. Para a Polícia Federal, a prisão da foragida era uma questão de honra.

E foi o que aconteceu em abril de 2000. Agentes federais trocaram tiros com Maria do Pó em uma estrada na região de São José dos Campos (SP). Um dos disparos atingiu o joelho dela. Segundo a Polícia Federal, a narcotraficante transportava 11 kg de cocaína.

Por causa das constantes fugas e das inúmeras faltas graves registradas no sistema prisional, Maria do Pó foi transferida para o anexo da Casa de Custódia e Tratamento de Tratamento, no Vale do Paraíba, onde o PCC (Primeiro Comando da Capital) foi criado em 31 de agosto de 1993.

A prisioneira foi uma das primeiras mulheres a ficar recolhida em um presídio predominantemente masculino, ao lado de prisioneiros de altíssima periculosidade, todos integrantes da maior facção criminosa do país. A presença dela na unidade foi considerada uma violação aos direitos humanos.

Maria do Pó ficou até dezembro de 2001 em Taubaté. Depois passou por outras unidades. Em 13 de dezembro de 2005, ela foi removida da Penitenciária Feminina da Capital para a vizinha Penitenciária Feminina de Sant'Anna, que tinha sido inaugurada cinco dias antes.

A unidade era um presídio masculino e foi transformada em feminino. A penitenciária ainda estava em obras. Durante o banho de sol, Maria do Pó se misturou a um grupo de presas que tinha saído das celas para pintar um pavilhão em reforma e nunca mais foi vista.