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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Justiça absolve sargento acusado de ser mandante da morte de cabo em SP

Julgamento do policial militar Farani Salvador Freitas Rocha Júnior durou três dias - UOL
Julgamento do policial militar Farani Salvador Freitas Rocha Júnior durou três dias Imagem: UOL

Colunista do UOL

13/08/2022 04h00

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O 1º Tribunal do Júri da Capital absolveu na madrugada desta sexta-feira (12) o sargento da Polícia Militar Farani Salvador Freitas Rocha Júnior, 38, da acusação de ser o mandante do assassinato do cabo Wanderley Oliveira de Almeida Júnior, 38.

O crime aconteceu em 5 de fevereiro de 2020 em um restaurante japonês em Itaquera, zona leste de São Paulo, onde o cabo fazia "bico" (serviço extra). Dois homens entraram no estabelecimento, mataram a vítima a tiros e fugiram.

Investigações conduzidas pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) apontaram que o cabo havia feito um dossiê contra Farani, denunciando que o sargento estava envolvido com traficantes de drogas da Favela Caixa D'Água, em Cangaíba, zona leste.

Segundo o DHPP, o cabo comentou com colegas de farda que Farani recebia R$ 200 mil por mês de traficantes de drogas ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital); que iria comunicar o fato aos superiores e que se algo acontecesse com ele, o responsável seria o sargento.

Em julgamento que durou três dias no plenário 6 da 1ª Vara do Júri da Capital, no Fórum da Barra Funda, zona oeste, os jurados, por maioria de votos, consideraram a ação penal improcedente e decidiram absolver o réu pela ausência de participação no crime.

Os advogados do sargento, Alex Ochsendorf, Renan de Lima Claro, Cesar Raul Alves Pereira e Eduardo Kuntz informaram em nota divulgada à coluna que "lamentam que a verdade tenha levado mais de dois anos para ser restabelecida".

Advogados celebram absolvição

Os defensores afirmam ainda que "celebram que o conselho de sentença, representante do povo, tenha reconhecido a absoluta falta de prova e a perseguição indevida que o sargento Farani sofreu".

A nota acrescenta que "colocar um ponto final, em pleno 11 de agosto, Dia do Advogado, recarrega as baterias para poder continuar lutando para fazer Justiça".

O juiz Ricardo Augusto Ramos, presidente do júri, expediu alvará de soltura em favor do sargento. Farani teve a prisão preventiva decretada pela Justiça no fim de julho de 2020 e estava recolhido no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte paulistana.

Antes de ser preso, Farani era considerado pela corporação como um policial militar exemplar. Ele já atuou em unidades de elites da PM, como a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e o 4º BAEP (Batalhão de Ações Especiais de Polícia), em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo.

No entanto, responde a processo na 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital e a inquérito policial pela acusação de falsidade ideológica.

Os defensores do sargento ressaltam que vão novamente provar a inocência do cliente no curso dos processos.