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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Polícia investiga ação do PCC em saques a supermercados na Baixada Santista

Policiamento foi reforçado na Baixada Santista após série de arrastões - Reprodução/Facebook
Policiamento foi reforçado na Baixada Santista após série de arrastões Imagem: Reprodução/Facebook

Colunista do UOL

22/11/2022 04h00

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As Polícias Civil e Militar investigam se o PCC (Primeiro Comando da Capital) está por trás da onda de saques a supermercados e hipermercados de Santos e São Vicente, na Baixada Santista. Foram registrados nove ataques na região desde o último 12.

A maioria dos autores é menor, com idades entre 12 e 17 anos. Até segunda-feira (21), a Polícia Militar havia apreendido 15 adolescentes e detido dois adultos. Todos foram conduzidos para delegacias, mas acabaram soltos.

Os produtos mais levados são peças de carne, bebidas alcoólicas e pacotes de cigarro. Em alguns ataques, as quadrilhas levam até o caixa e carrinhos lotados de outras mercadorias. Muitos menores infratores usam bicicletas na fuga.

O último ataque aconteceu às 15h30 de domingo (20). O alvo foi um mercado atacadista de Santos, na avenida Senador Feijó, na Vila Matias, em Santos. Ao menos sete jovens, homens e mulheres, levaram dezenas de peças de carne do setor de congelados.

No dia anterior, um supermercado no bairro do Jóquei Clube, em São Vicente, foi atacado. Um grupo de 10 assaltantes —um deles armado— invadiu o estabelecimento e causou pânico e tensão. Os criminosos levaram todas as gavetas dos caixas e fugiram de bicicletas.

No mesmo dia, 15 ladrões tentaram roubar um mercado na Vila Margarida, também em São Vicente. Eram 13h. Os seguranças conseguiram frustrar a ação da quadrilha. Os funcionários e os clientes do estabelecimento ficaram assustados.

A gangue de assaltantes procurou outro supermercado no mesmo bairro para saquear. Dessa vez, o bando teve sucesso na empreitada criminosa e fugiu levando dinheiro, bebidas e pacotes de cigarro.

A PM não descarta o envolvimento do PCC nos ataques. Policiais ouvidos pela reportagem suspeitam que os saques façam parte de ações orquestradas pelo crime organizado para desviar o foco de outras atividades ilícitas planejadas pelo grupo na Baixada Santista, ainda não detectadas pelas forças de segurança.

Já fontes ligadas a parentes de egressos do sistema prisional afirmaram à coluna que os ataques não são orquestrados pelo crime organizado, mas fazem parte de "ações aleatórias de meninos e meninas da região que não têm dinheiro e vêm cometendo tais atos, alguns deles inclusive por farra mesmo".

Policiamento reforçado

Os atos criminosos, no entanto, estão aterrorizando moradores e turistas. A PM reforçou o policiamento nas duas cidades com a presença de homens da Tropa de Choque, inclusive da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), unidade de elite da corporação.

Em São Vicente, o efetivo é reforçado com até 300 policiais militares da capital, diariamente. Esse número vai subir a partir do mês que vem, quando tem início a Operação Verão", por causa do aumento de turistas na Baixada Santista, em razão das férias e festas de fim de ano.

Os municípios de Santos, São Vicente, Guarujá e Praia Grande são considerados uns dos mais importantes redutos do PCC. Dezenas de narcotraficantes ligados à organização escolheram as cidades da Baixada Santista como "quartel-general" da maior facção criminosa do país.

E isso por causa do porto de Santos. É de lá que saem toneladas de cocaína exportadas todos os meses para vários países da Europa, como Portugal, Espanha, Itália, França, Alemanha e Holanda.

Segundo cálculos do Ministério Público Estadual, somente no ano passado o Primeiro Comando da Capital movimentou R$ 3 bilhões com as remessas de droga para o Exterior.