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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Bando aluga salas em prédio e rouba R$ 10 milhões de empresa vizinha em SP

Print da conversa extraída do celular de uma das presas --ela e o namorado foram identificados no dia do roubo - Reprodução
Print da conversa extraída do celular de uma das presas --ela e o namorado foram identificados no dia do roubo Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

16/01/2023 04h00

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Uma quadrilha colocou um ousado plano em prática e causou um prejuízo de R$ 10,7 milhões a uma empresa de empreendimentos imobiliários no bairro do Itaim Bibi, zona oeste de São Paulo. O crime aconteceu em agosto do ano passado. Cinco envolvidos foram presos.

Segundo investigações da Polícia Civil, uma mulher integrante do bando, usando documentos falsos, locou duas salas no 22º andar de um condomínio de alto padrão na rua Bandeira Paulista, no dia 2 de agosto de 2022. Os criminosos acompanharam a rotina das vítimas durante 22 dias.

Em 24 de agosto, dois criminosos armados invadiram a empresa, renderam cinco pessoas e, mediante grave ameaça, obrigaram as vítimas a fazer as transferências bancárias para ao menos 87 contas correntes em diversos estados e no Distrito Federal.

Policiais civis apuraram que os ladrões ficaram quatro horas na sede da empresa aterrorizando as vítimas. Além dos R$ 10,7 milhões, eles também roubaram um Iphone 13, um Iphone 8, um Samsung, além de notebooks.

No relatório de investigação, a Polícia Civil enfatizou que o prejuízo da empresa só não foi maior porque o sistema antifraude de uma agência bancária travou e bloqueou as demais operações.

Os investigadores descobriram que o condomínio, para alugar as salas, exigiu caução de R$ 22.500. Dois homens, de 36 e 37 anos, fizeram 16 depósitos nas contas do locador, em três agências bancárias.

Ambos acabaram presos em novembro do ano passado. A Polícia Civil conseguiu chegar até eles após analisar as imagens das câmeras de segurança dos bancos onde os depósitos foram feitos. As gravações foram cedidas com autorização judicial.

Presa tem antecedente

Os investigadores identificaram uma mulher de 43 anos acusada de alugar as duas salas. De acordo com os agentes, ela conseguiu o cartão de acesso ao condomínio e facilitou a entrada dos comparsas no prédio.

Ela foi capturada em 6 de dezembro do ano passado, na região de Sorocaba (SP), e teve a prisão temporária decretada. Policiais disseram que ela foi condenada a nove anos e nove meses por tráfico de drogas em Minas Gerais e cumpria pena em regime domiciliar.

Os policiais identificaram no mesmo dia do roubo um casal —a mulher, de 24 anos, e o homem, de 28. Eles foram presos em flagrante por PMs da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), perto de um banco, tentando fazer transações bancárias.

Os aparelhos de telefone celular de ambos foram apreendidos e neles havia mensagens indicando a participação dos dois no crime. Em uma delas, à qual a coluna teve acesso, o rapaz pergunta se o dinheiro havia caído na conta e pede para a mulher mandar o print.

A mulher responde que sim e envia a imagem do comprovante da transferência realizada, no valor de R$ 197,6 mil. Os dois também estão com prisão preventiva decretada e são acusados por roubo e associação a organização criminosa.

Sofisticação e expertise

Os processos foram desmembrados. Até sexta-feira (13), o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) havia denunciado dois homens pelos crimes de roubo, extorsão mediante sequestro, associação a organização criminosa e lavagem de dinheiro. Eles já são réus.

O MP-SP observou que o bando demonstrou níveis de sofisticação e periculosidade, tinha informações privilegiadas das contas bancárias da empresa e usou no crime uma pistola automática com silenciador para aterrorizar as vítimas durante quatro horas.

Para a Promotoria de Justiça, os ladrões são sofisticados e dotados de expertise, pois alugaram um imóvel com documentação falsa para ter acesso ao local do roubo e usaram veículos com placas clonadas para acessar a garagem do edifício.

A Promotoria de Justiça mencionou ainda na denúncia que os criminosos, já dentro do elevador, utilizaram perucas, óculos e máscaras e ainda tiveram a cautela de usar luvas para não deixar impressões digitais e evitar possível identificação.

Em depoimento na fase de inquérito, os presos alegaram inocência. A Polícia Civil apurou que um deles tem extensa ficha criminal e já foi processado por associação criminosa, furto, roubo, tráfico de drogas e posse ou porte ilegal de arma de uso restrito.