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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Número 2 do PCC vai a júri na próxima semana por morte de psicóloga no PR

21.jul.2017 -- A psicóloga Melissa Almeida de Araújo foi assassinada em maio de 2017, na cidade de Cascavel - Reprodução/Depen
21.jul.2017 -- A psicóloga Melissa Almeida de Araújo foi assassinada em maio de 2017, na cidade de Cascavel Imagem: Reprodução/Depen

Colunista do UOL

24/01/2023 04h00

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A 13ª Vara Federal de Curitiba começa a julgar na próxima segunda-feira (30), os cinco réus acusados de envolvimento no assassinato da psicóloga Melissa de Almeida Araújo, 37, que trabalhava na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR). Ela foi morta com tiros de fuzil em maio de 2017 em Cascavel.

Segundo investigações da Polícia Federal, Roberto Soriano, 49, o Tiriça, apontado como número 2 na hierarquia do PCC (Primeiro Comando da Capital), mandou matar a vítima em "represália ao sistema rígido imposto aos integrantes da facção recolhidos em presídios federais". O réu nega.

Além de Tiriça também deverão ir a júri Edy Carlos Cazarim, Wellington Freitas da Rocha, Elnatan Chagas de Carvalho e a mulher dele, Andressa Silva dos Santos. O julgamento dos réus já foi adiado cinco vezes pela Justiça Federal.

A psicóloga estava no carro com o filho de 10 meses e o marido, o policial civil Rogério Batistella Ferrarezzi, na tarde de 25 de maio de 2017, quando foi emboscada por integrantes do PCC nas imediações do condomínio onde morava.

Melissa trabalhou normalmente naquele dia. Ela fazia o acompanhamento psicológico dos presos. Logo após o encerramento do turno, a vítima entrou no carro e foi encontrar o marido na delegacia onde ele trabalhava. Na sequência, o casal seguiu até uma creche para buscar o bebê.

Por volta das 18h, a família chegava em casa, em um residencial de classe média no bairro Canadá, em Cascavel, a 55 km de Catanduvas. Ao menos quatro homens armados interceptaram o carro da psicóloga e efetuaram vários disparos.

Ferrarezzi reagiu e, mesmo ferido, atingiu mortalmente um dos atiradores. Melissa ainda conseguiu sair do carro. Ela correu, mas foi perseguida, baleada duas vezes no rosto e não resistiu. O bebê estava no veículo e escapou ileso.

O assassinato de Melissa chocou os agentes penitenciários federais e os moradores de Cascavel. As autoridades federais não tinham dúvidas de que o PCC estava por trás do crime brutal. A certeza se confirmou no dia seguinte, com a prisão dos envolvidos.

Edy Carlos, Wellington e Elnatan são acusados de participar da emboscada. Eles serão julgados pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, posse de arma de fogo e associação à organização criminosa.

Alvo fácil

A Polícia Federal apurou que Andressa cuidou da logística da quadrilha e alugou imóveis para o bando, inclusive em Curitiba. Os assassinos viajaram para Cascavel várias vezes e monitoraram Melissa durante 40 dias. Andressa é acusada por associação à organização criminosa.

De acordo com agentes federais, o PCC ordenou a morte de Melissa por entender que ela seria um alvo fácil. A facção também é acusada de ter mandado matar outros dois agentes penitenciários federais com o objetivo de intimidar a aterrorizar a categoria.

O agente Alex Belarmino da Silva foi morto a tiros em 2 de setembro de 2016 em Cascavel. Ele trabalhava no Presídio de Catanduvas. Em 12 de abril de 2017 criminosos mataram Henry Charles Gama Filho, da Penitenciária Federal de Mossoró (RN). O crime aconteceu em um bar naquela cidade.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos cinco réus, mas publicará a versão dos defensores de cada um deles assim que houver uma manifestação.