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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Preso na Bahia, acusado de matar Cara Preta, do PCC, ficará em prisão em SP

Anselmo Bechelli Santa Fausta, o Cara Preta, apontado como um dos maiores fornecedores de drogas e armas para o PCC - Reprodução
Anselmo Bechelli Santa Fausta, o Cara Preta, apontado como um dos maiores fornecedores de drogas e armas para o PCC Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

01/03/2023 18h47Atualizada em 01/03/2023 18h51

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O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 36, preso na Bahia no último dia 2, chegou a São Paulo e será transferido para um presídio no interior do estado.

Dezenas de policiais civis foram mobilizados para escoltar o empresário hoje desde o aeroporto de Congonhas — onde ele desembarcou algemado e acompanhado por agentes — até a sede do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), na região central da cidade.

Vinícius e o agente penitenciário David Moreira da Silva, capturado em Alagoas e transferido para um CDP (Centro de Detenção Provisória) em São Paulo, tiveram a prisão preventiva decretada pelo juiz Jair Antônio Pena Júnior, da 1ª Vara do Júri da Capital.

Ambos foram denunciados à Justiça pelo Ministério Público de São Paulo acusados dos assassinatos de Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, ligado à cúpula do PCC, e do motorista dele, Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue.

As vítimas foram mortas a tiros em 27 de dezembro de 2021 no Tatuapé, zona leste paulista. Noé Alves Schaum, 42, acusado de ser o executor do crime, foi assassinado em 16 de janeiro de 2022, no mesmo bairro.

Quem era Cara Preta? Segundo o MP-SP, integrava o PCC, onde era influente e estava envolvido com o tráfico internacional de drogas e outros delitos. Já Sem Sangue era o motorista e braço direito dele.

O que aconteceu? A denúncia diz que Vinícius trabalhava com imóveis e operações com bitcoins e, após conhecer Cara Preta, passou a realizar negócios com ele e fazer investimentos para a vítima.

O MP-SP sustenta ainda que Cara Preta suspeitou que o empresário estava desviando parte dos valores investidos por ele e começou a cobrá-lo e a exigir a prestação de contas das operações realizadas e também a devolução do dinheiro.

De acordo com a denúncia, Vinícius, para não devolver o dinheiro e não revelar as irregularidades praticadas, resolveu matar Cara preta. O empresário, segundo a Promotoria, entrou em contato com David e ofereceu dinheiro para ele pelo planejamento e execução do crime.

David então procurou Noé e o contratou para matar Cara Preta. Noé aceitou a proposta. Porém, também acabou assassinado pelo "tribunal do crime" do PCC, e teve a cabeça decepada, em represália aos homicídios dos dois integrantes da facção criminosa.

Vinícius nega envolvimento nos assassinatos de Cara Preta e Sem Sangue e diz ser vítima também. Os advogados dele afirmam que o cliente é inocente de todas as acusações e que isso será devidamente comprovado durante o curso processual.

Os defensores ressaltam que não há motivo concreto que justifique a necessidade de prisão preventiva do cliente, porque ele permaneceu em sua residência desde março do ano passado, quando teve a prisão temporária revogada por determinação judicial.

Os advogados de Vinícius alegam também que ele sempre colaborou e vem colaborando com a Justiça, entregou o passaporte às autoridades, não destruiu provas nem coagiu testemunhas.

A defesa argumenta ainda que Vinícius tem ocupação lícita, empresa constituída, escritório e residência em endereços fixos e conhecidos, é pai de família, tem dois filhos e, por tudo isso, pede que seja negada a prisão do cliente.

Os defensores do empresário temem pela vida do cliente e afirmam que se ele ficar segregado irá morrer na prisão, pois é ameaçado de morte por integrantes do PCC.

O advogado Rodrigo Fonseca, defensor de David, disse que o cliente é inocente de todas as acusações, teve a prisão temporária revogada em março de 2022 e sempre colaborou com a polícia e Justiça, tendo inclusive prestado depoimentos cinco vezes.