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Sindicato do Crime: Líder também ordenou ataques no RN em 2014, 2015 e 2018
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As quatro internações em presídios federais não intimidaram José Kemps Pereira de Araújo, 45, o Alicate, fundador da facção criminosa Sindicato do Crime, a ponto de impedi-lo de ordenar novos atentados a prédios públicos e privados e assassinatos de agentes de segurança no Rio Grande do Norte.
O presidiário, chefe máximo da organização criminosa desde março de 2013, quando ela foi criada, é acusado de ter comandado ações terroristas —de dentro da prisão— no RN nos anos de 2014, 2015, 2018 e neste ano.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados do preso, mas publicará na íntegra a versão dos defensores dele assim que houver uma manifestação.
A última onda de ataques teve início no dia 14 deste mês e, segundo as forças de segurança, foram ordenadas pelo preso Alicate. Até ontem (19), ao menos 250 atentados tinham sido registrados em 48 cidades do RN.
Nos últimos dias, foram queimados ônibus, carros, caminhões, postos de combustíveis e um depósito de remédios. Houve ataques em fóruns, bases da Polícia Militar e em outros prédios públicos e privados. Os criminosos mataram um comerciante e um policial penal.
Os rumores são de que os atentados foram praticados para forçar o estado a autorizar o retorno da visita íntima nas prisões potiguares, proibida em janeiro 2017, após o massacre de 27 presos do Sindicato do Crime, mortos em Alcaçuz por integrantes do PCC.
Há também comentários de que os ataques ocorreram em represália à transferência de chefes do Sindicato do Crime para penitenciárias de outros estados, determinada em janeiro pelas autoridades carcerárias do RN.
Ordens partiram da prisão
Segundo o SPF (Sistema Penitenciário Federal), em 2014, Alicate liderou uma greve de fome no presídio estadual de Alcaçuz. Com o uso de telefone celular na cela, o preso deu ordens aos comparsas da rua para matar agentes penitenciários e atacar prédios públicos e bases policiais.
No ano seguinte, Alicate foi acusado de envolvimento em um plano de fuga de líderes do Sindicato do Crime recolhidos no Pavilhão 5 de Alcaçuz. Por conta disso, em 21 de março de 2015, ele foi transferido para a Penitenciária Federal de Mossoró (RN).
Quase dois meses depois, em 19 de maio de 2015, Alicate foi removido para a Penitenciária Federal de Porto Velho (RO), onde permaneceu até 5 de março de 2018, quando retornou, por determinação da Justiça Federal, para o estado de origem, ou seja, o presídio de Alcaçuz.
Seis meses após voltar à prisão estadual, o presidiário agiu mais uma vez. Em 19 de agosto de 2018, mandou matar quatro presos em retaliação ao massacre de Alcaçuz. As autoridades carcerárias do RN decidiram interná-lo novamente em presídio federal.
Foi o que aconteceu em 23 de março de 2019. O fundador do Sindicato do Crime foi mandado para a Penitenciária Federal de Mossoró. No mês seguinte, em 24 de abril, a Justiça Federal decidiu removê-lo para a Penitenciária de Porto Velho.
Pânico e terror
As idas e vindas no SPF não pararam por aí. Em 15 de março de 2021, a Justiça Federal de Rondônia devolveu o preso mais uma vez para a prisão estadual. Em maio de 2022, o faccionado passou a cumprir pena em regime semiaberto.
Ele foi autorizado a deixar a prisão para trabalhar durante o dia. As saídas seriam monitoradas, pois Alicate teria de usar tornozeleira eletrônica. Logo no primeiro dia, o detento rompeu o equipamento e passou a ser considerado foragido.
O fugitivo não ficou muito tempo longe das grades. Em janeiro, policiais federais o prenderam na cidade de Goiana, no interior pernambucano. Ele era um dos criminosos mais procurados pelas forças de segurança do país.
Reconduzido à prisão de Alcaçuz, Alicate voltou a causar pânico e terror à população potiguar. Agentes penitenciários disseram à coluna que, além da visita íntima, ele e seu grupo reivindicavam televisão e ventiladores nas celas e a volta da entrega do jumbo (a sacola com mantimentos levadas por familiares nos dias de visita).
Na semana passada, Alicate foi transferido para a Penitenciária Federal de Mossoró. É a quinta internação dele em unidade prisional administrada pelo SPF.
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