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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Pedrinho Matador foi morto com aval do PCC; suspeito tem prisão decretada

Pedro Rodrigues Filho, o Pedrinho Matador, assassinado em março - Robson Ventura/Folhapress
Pedro Rodrigues Filho, o Pedrinho Matador, assassinado em março Imagem: Robson Ventura/Folhapress

Colunista do UOL

05/06/2023 18h59Atualizada em 05/06/2023 19h44

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A fama de serial killer de Pedro Rodrigues Filho, 68, o Pedrinho Matador, autor de ao menos 11 homicídios, não intimidou os traficantes de drogas de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Ele queria proibir a comercialização de cocaína e maconha no bairro onde morava e por isso acabou assassinado.

O crime aconteceu em 5 de março deste ano no bairro Ponte Grande. O delegado Rubens José Ângelo, titular do Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa, diz já ter esclarecido o crime e pediu a prisão temporária de 30 dias do acusado pelo assassinato.

A coluna apurou que o suspeito tinha dois mandados de prisão em aberto, sendo um por roubo e outro por receptação. Ele está foragido e é considerado de alta periculosidade. Há rumores inclusive de que tenha forte ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

Há um mês e meio, a Polícia Civil de Mogi das Cruzes cumpriu nove mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao foragido e também a outros suspeitos. Dois deles chegaram a ser ouvidos, mas tiveram descartada a participação no crime.

As investigações apontaram que Pedrinho Matador foi morto porque tentou proibir a ação de traficantes no bairro onde morava. Ele tinha sobrinhos pequenos e não queria que as crianças convivessem perto de uma biqueira (ponto de venda de drogas).

Como o PCC exerce o monopólio do tráfico de drogas em todo o estado de São Paulo, tudo levar a crer, no entendimento de policiais civis ouvidos pela reportagem na condição de anonimato, que Pedrinho Matador foi assassinado com o aval da maior facção criminosa do Brasil.

Salvo pelo Marcola

Pedrinho Matador passou 42 anos atrás das grades. Ele foi preso pela primeira vez em 1973, mas conseguiu a liberdade em 2007. Quatro anos depois voltou à prisão para cumprir mais duas penas. Ele deixou a cadeia pela porta da frente em 2017.

O serial killer passou por diversas prisões no estado de São Paulo. Em 17 de dezembro de 2000, ele levou um dos maiores sustos de sua vida. Estava preso na Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté (SP), unidade prisional onde o PCC foi criado em 31 de agosto de 1993.

Ele acompanhou de perto uma das rebeliões mais sangrentas da história de São Paulo. Nove presos foram mortos, sendo três decapitados. Os rebelados chegaram inclusive a jogar bola com a cabeça de um deles, na quadra de futebol do presídio.

Os amotinados só não mataram Pedrinho graças à intervenção de Marco Willians Herbas Camacho, 55, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC, e de Idemir Carlos Ambrósio, o Sombra, o maior idealizador da facção criminosa, também assassinado na mesma unidade em meados de 2001.

Os presos queriam matar Pedrinho de qualquer jeito e chegaram a humilhá-lo e a ameaçá-lo com facas. Marcola e Sombra salvaram a vida dele, porque Pedrinho prestou favores ao PCC. Mas alguns detentos não gostavam dele por ter assediado Sonia Aparecida Rossi, a Maria do Pó.

A traficante de drogas cumpria pena em Taubaté naquela época. Era umas das poucas presas mantidas em castigo na unidade. Agentes penitenciários disseram que Pedrinho aplicava "cantadas" nela e essa atitude desagradava os integrantes do PCC recolhidos no anexo do presídio.