Topo

Josmar Jozino

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

STJ mandar soltar empresário acusado por morte de traficante do PCC em SP

Anselmo Becheli Santa Fausta, Cara Preta, foi assassinado em novembro de 2021, no Tatuapé, zona leste da capital - Reprodução
Anselmo Becheli Santa Fausta, Cara Preta, foi assassinado em novembro de 2021, no Tatuapé, zona leste da capital Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

07/06/2023 14h16

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

A Sexta Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu nessa terça-feira (6), por unanimidade, substituir a prisão preventiva do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 36, por medidas cautelares alternativas.

Vinícius está preso na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau (SP) e deve ser solto nas próximas horas. Mas terá de usar tornozeleira eletrônica. Ele é acusado, junto com o agente penitenciário David Moreira da Silva, 38, pelos assassinatos de Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, e Antônio Corona Neto, o Sem Sangue. O empresário sempre negou envolvimento e diz ser vítima também.

As vítimas foram mortas a tiros em 27 de dezembro de 2021 no Tatuapé, zona leste paulista. Noé Alves Schaum, acusado de ser o executor do crime, foi assassinado em 16 de janeiro de 2022, no mesmo bairro.

Segundo o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), Cara Preta era um integrante influente do PCC e envolvido com o tráfico internacional de drogas e outros delitos. Já Sem Sangue era o motorista e braço direito dele.

Na denúncia oferecida à Justiça contra Vinícius e David, o MP-SP diz que o empresário trabalhava com imóveis e operações com bitcoins e, após conhecer Cara Preta, passou a realizar negócios com ele e fazer investimentos para a vítima.

Ainda de acordo com o MP-SP, Cara Preta suspeitou que o empresário estava subtraindo parte dos valores investidos por ele e começou a cobrá-lo e a exigir a prestação de contas das operações realizadas e também a devolução do dinheiro.

O MP-SP sustenta ainda que Vinícius, para não devolver os valores subtraídos e não revelar as irregularidades praticadas, resolveu mandar matar Cara Preta. O empresário — continua o MP-SP — entrou em contato com David e ofereceu dinheiro para ele pelo planejamento e execução do crime.

David então procurou Noé e o contratou para matar Cara Preta. Noé aceitou a proposta. Porém, também acabou assassinado pelo "tribunal do crime" do PCC — e teve a cabeça decepada, em represália aos homicídios dos dois integrantes da facção criminosa.

Réus alegam inocência

Os advogados de Vinícius afirmam que o cliente é inocente de todas as acusações e que isso será devidamente comprovado durante o curso processual.

A defesa argumenta ainda que Vinícius tem ocupação lícita, empresa constituída, escritório e residência em endereços fixos e conhecidos, é pai de família, tem dois filhos e, por tudo isso, pede que seja negada a prisão do cliente.

David continua preso em um CDP (Centro de Detenção Provisória) na Grande São Paulo. O advogado dele, Rodrigo Fonseca, diz que o cliente é inocente de todas as acusações, é primário, tem endereço e também trabalho fixos. O defensor também vai pedir a extensão da mesma decisão do STJ para o cliente.