Josmar Jozino

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Exército apura se armas sumidas de arsenal em SP estão com criminosos do RJ

Um IPM (Inquérito Policial Militar) presidido pelo Exército brasileiro apura se as armas que sumiram do arsenal de guerra de Barueri, na Grande de São Paulo, foram compradas por traficantes de drogas do Rio de Janeiro.

As suspeitas aumentaram depois que os responsáveis pelo IPM tiveram acesso a um vídeo mostrando criminosos do estado fluminense olhando as armas. O UOL apurou que os militares analisaram as imagens e reconheceram o armamento.

Na última terça-feira (17), o repórter Fábio Diamante, do SBT, noticiou que as armas foram oferecidas para criminosos do Rio de Janeiro. A reportagem adiantava que os militares encarregados pelo IPM receberam a prova de policiais do Rio e reconheceram as armas nas imagens. O portal G1 divulgou ontem o vídeo em matéria assinada por Leslie Leitão e Marco Antonio Martins.

Entretanto, uma fonte da Polícia Federal, procurada pela coluna, descartou a possibilidade de facções criminosas do Rio terem comprado as armas. Segundo o integrante da PF, "os cariocas só adquirem armamento em bom estado".

O sumiço das armas foi notado no último dia 10, quando 480 miliares da unidade ficaram aquartelados para prestar depoimento sobre o caso. Foram levadas 13 metralhadoras calibre .50, capazes de derrubar aeronaves e perfurar blindados, e outras oito de calibre 7,62 mm, também com alto poder de fogo.

As investigações iniciais apontam que os envolvidos no furto teriam oferecido cada metralhadora calibre .50 por R$ 180 mil para traficantes de drogas do CV (Comando Vermelho), a principal organização criminosa fluminense.

Até ontem, 50 militares do arsenal de guerra de Barueri tinham sido ouvidos no IPM aberto para apurar o caso. Ao menos 160 militares continuavam aquartelados.

O que diz o Exército

Em nota, o Exército informou que os armamentos que sumiram "são inservíveis e foram recolhidos para manutenção". A nota explica que as metralhadoras estavam na unidade técnica, aguardando o processo de desfazimento e destruição, pois a reparação das armas era inviabilizada.

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Investigações podem levar ao PCC

Em São Paulo, autoridades que investigam há décadas o PCC (Primeiro Comando da Capital) dizem que as armas também podem ter sido oferecidas para integrantes da facção paulista.

Uma fonte do Ministério Púbico Estadual ouvida pela reportagem comentou que as investigações podem chegar até o PCC e que em breve haverá novidades. Ela afirmou ter certeza de que militares do Exército supostamente envolvidos no furto foram cooptados pelo crime organizado para desviar o armamento.

Integrantes do PCC já foram presos e condenados por envolvimento em roubos e furtos de armas de quartéis do Exército em São Paulo. Em todos os casos citados na reportagem, os integrantes da facção contaram com o auxílio de militares.

O sistema prisional paulista abriga, na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau e Penitenciária 1 de Avaré, dezenas de assaltantes de bancos ligados ao grupo "novo cangaço". A quadrilha domina cidades, explode agências bancárias e usa metralhadoras calibre .50 e 7,62 mm nos ataques.

Armamento de fácil reparação

Rafael Alcadipani, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) em São Paulo e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, também acredita no envolvimento de facções criminosas, especialmente o PCC, com os responsáveis pelo sumiço das armas.

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Na avaliação dele, o PCC, pelo histórico de grandes assaltos a bancos com armas potentes em várias regiões do Brasil, é um dos principais interessados nessas metralhadoras para continuar concretizando as ações criminosas do grupo.

Em relação à alegação do Exército de que as armas são "inservíveis", Alcadipani argumentou, após conversar com especialistas na Itália, que torneiros mecânicos podem montar as armas e torná-las operacionais.

Os especialistas explicaram ao professor da FGV que essas armas de guerra são rústicas e fáceis de reparar e que o potencial de destruição é grande, oferecendo muito perigo, principalmente nas mãos do crime organizado.

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