PCC tinha endereços, placas de carros e dados pessoais de empresários de SP
Uma quadrilha de assaltantes ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) tinha nomes, endereços, placas de veículos, números de telefones e todos os dados pessoais de empresários de São Paulo, que seriam alvos dos criminosos.
A Polícia Civil descobriu a lista das possíveis vítimas em 11 de dezembro do ano passado, uma semana após a dona de um hotel canino, de 39 anos, e a cliente dela, de 26, terem sido atacadas pelo bando armado, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo.
A cliente da empresária tinha ido buscar o cachorro de estimação quando foi abordada por três assaltantes. Os criminosos levaram o BMW e o telefone celular dela. Um quarto criminoso deu cobertura aos comparsas em um Honda City preto.
Os ladrões abandonaram o BMW em uma rua no Ipiranga, zona sul. Câmeras de trânsito filmaram o Honda City e policiais militares apuraram que o dono do veículo morava naquele mesmo bairro. Os agentes prenderam Pedro Vitor Gonçalves Bonfim, 23.
O restante da quadrilha foi rapidamente identificado. Os PMs descobriram que outro integrante do bando, Pablo Davi Martins Passini, 23, também morava no Ipiranga. Os dois negam as acusações (leia mais abaixo)
No apartamento de Pablo foram apreendidos munição de revólver calibre 38, o estatuto do PCC e um caderno com várias anotações.
Informações patrimoniais
Em várias páginas havia, com riqueza de detalhes, nomes, filiação, endereços, números de telefones fixos e de celulares, denominação das empresas, renda mensal e placas de diversos veículos de empresários possíveis alvos da quadrilha.
Uma das anotações dizia: "Trampo no Morumbi". Essa página se referia aos planos dos assaltantes em assaltar mansões da região. Em outras folhas tinham informações patrimoniais de uma família árabe e de outros empresários de diversas regiões da capital e da Grande São Paulo.
Duas famílias que tiveram os dados encontrados no caderno apreendido foram vítimas de roubo. Uma delas era justamente a dos árabes. Os ladrões levaram um veículo Hyundai modelo i30, telefones celulares, joias, computadores e ainda transferiram R$ 6.500 via Pix da conta do morador da casa.
No apartamento de Pablo também foi apreendida uma carta. Na correspondência, que seria destinada a um preso, o criminoso informava que fora batizado no PCC e que tinha montado uma quadrilha para roubar residências.
O suspeito acabou preso em 8 de março deste ano. Ele e os demais suspeitos de integrar o bando foram reconhecidos pelas vítimas. Durante interrogatório na fase de inquérito, Pedro e Pablo negaram a participação no crime e disseram ser inocentes.
No último dia 27, a juíza Maria Cecília Leone, da 10ª Vara Criminal da Capital, condenou a dupla a 10 anos e sete meses de prisão em regime fechado. A magistrada observou na sentença que nos autos do processo havia elementos suficientes que comprovaram a participação de ambos no roubo.
No caso de Pablo, a juíza mencionou que ele mesmo confessou integrar o PCC, uma facção que "causa elevado temor à população, mantendo em sua estrutura criminosos altamente perigosos, os quais abalam a segurança pública da capital paulista".
A reportagem não conseguiu contato com os defensores de Pablo e Pedro, mas publicará na íntegra a versão dos defensores deles assim que houver uma manifestação.
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