Josmar Jozino

Josmar Jozino

Siga nas redes
Reportagem

Aliado de Marcola, chefe do tráfico é morto a tiros em meio a racha no PCC

Donizete Apolinário da Silva, 55, o Prata, apontado pelo MP-SP como chefe da célula "FM", responsável pelo tráfico de drogas do PCC, foi assassinado a tiros na noite de ontem em Mauá, na Grande São Paulo.

A mulher dele, de 29 anos, grávida, e a enteada de 10 anos ficaram feridas.

Para o Ministério Público do Estado de São Paulo, o assassinato de Prata marca o início da guerra provocada pelo maior racha do PCC, envolvendo o líder máximo da organização, Marco Willians Herbas Camacho, 56, o Marcola, e seus novos rivais da cúpula do grupo.

Segundo o MP-SP, os inimigos são os presos Roberto Soriano, 50, o Tiriça, Abel Pacheco de Andrade, 49, o Vida Loka, e Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, 45. A morte de Prata já é tratada como um reflexo do conflito nas ruas de São Paulo.

O suposto traficante Prata era ligado aos aliados de Marcola e deve ter sido assassinado pela turma de Tiriça, Vida Loka e Andinho, diz o MP-SP. Caso essas informações se concretizem, essa é a primeira derrota do líder máximo do PCC na guerra com seus novos rivais.

Como foi o crime

Os disparos foram feitos por ocupantes de um Peugeot, modelo SW 207, de cor preta. Os atiradores fugiram. Câmeras de segurança da região registraram o momento do ataque.

Prata e a família tinham saído de uma comemoração de chá de bebê, na Vila Falchi, e andavam em direção a um veículo Honda, modelo HRV, estacionado na rua. Os atiradores estavam dentro do Peugeot, pararam o carro e efetuaram os disparos.

O racha no PCC

O racha veio a público no último dia 15, quando um salve (recado) circulou em grupos de WhatsApp de integrantes do PCC, comunicando a exclusão e o "decreto" (morte) de Tiriça, Vida Loka e Andinho da organização criminosa.

Continua após a publicidade

O comunicado diz que o motivo da exclusão dos três é traição. Isso porque Marcola teria sido acusado pelo trio de ter chamado Tiriça de psicopata. A fala de Marcola foi gravada em agosto de 2023, por meio de áudio de uma conversa dele com um policial penal no banho de sol de um presídio federal.

O áudio foi usado no júri que, em 25 de agosto, condenou Tiriça a mais 31 anos de prisão pelo assassinato da psicóloga Melissa de Almeida Araújo. A vítima trabalhava na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR) e foi morta a tiros na vizinha cidade de Cascavel, em maio de 2017.

O comunicado explica que a gravação foi analisada pela "sintonia final" do PCC e concluiu que não houve delação de Marcola, mas, sim, "um papo reto de criminoso com a polícia". Diz ainda que policiais penais gravaram a conversa para jogar os líderes do PCC uns contra os outros.

O MP-SP teve acesso a outro recado assinado pela SF (Sintonia Final) do PCC, agradecendo o apoio e a confiança de todos a Marcola e pedindo para que o comunicado fosse repassado aos integrantes da organização ligados ao setor da FM (tráfico de drogas).

O nome de Prata aparece na maior denúncia já feita contra o PCC, em 2013, por formação de quadrilha. Na ocasião, foram denunciados 175 integrantes da facção. Há vários diálogos entre Prata e Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, mortos a tiros no Ceará em 2018.

Outro lado: a reportagem não conseguiu contato com os advogados de Donizete Apolinário, nem de Marcola, Roberto Soriano, Abel Pacheco e Wanderson Lima, mas o espaço continua aberto para manifestações.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

Só para assinantes