Josmar Jozino

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Reportagem

PM que deu tapa no rosto de garota no metrô é cabo do Comando de Choque

O PM fardado que deu um tapa no rosto de Tauane de Melo Queiroz, 26, no último sábado (6), na estação Luz do Metrô (Linha 1 - Azul), é um cabo do CPChoque (Comando de Policiamento de Choque), segundo disseram fontes da Polícia Militar à reportagem — na condição de anonimato.

O nome do cabo não foi informado oficialmente pela corporação e muito menos pela SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública). O cabo, no entanto, foi afastado do policiamento das ruas e corre o risco de ser expulso.

O governador Tarciso de Freitas (Republicanos) repudiou a conduta do militar. "A imagem choca. Esse policial vai ser afastado das ruas e vai ser severamente punido", prometeu. Ele acrescentou que não vai tolerar agressão, desvio de conduta e falta de urbanidade no trato com as pessoas.

O CPChoque é a unidade de elite da PM responsável pelo 1º Batalhão da Rota (policiamento ostensivo), 2º Batalhão Anchieta (policiamento em estádios e praças esportivas), 3º Batalhão Humaitá (controle de distúrbios civis), 4º Batalhão de Operações Especiais, 5º Batalhão (Canil) e também a Cavalaria (Regimento de Polícia Montada 9 de Julho). O cabo é lotado no 4º Batalhão.

Fontes ouvidas pela reportagem disseram que a tropa do CPChoque é mais treinada e deveria ser a mais preparada — inclusive emocionalmente — para atuar em situações de estresse e crise e controlar distúrbios civis. Não foi o caso do cabo que agrediu Tauane.

As mesmas fontes revelaram ter identificado a unidade do PM agressor, o CPChoque, pelo brasão no braço da farda dele, que aparece nas imagens de um vídeo feito por populares no momento em que o agente dava um tapa no rosto da garota.

Em entrevista às repórteres do UOL Ana Paula Bimbati e Beatriz Gomes, Tauane, operadora de telemarketing, disse que está com o "psicológico totalmente abalado". Ele afirmou que não consegue sair da porta de casa sem ter medo. Segundo Tauane, o PM a arrastou e deu chutes em seu corpo.

Tauane contou ainda que é lésbica. Ela usava uma bermuda nas cores da bandeira LGBTQIA+. O PM, continua a garota, disse que se ela quisesse ser um homem iria apanhar como um — e em seguida desferiu um forte tapa no rosto dela.

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As agressões do agente tiveram início quando Tauane estava sentada na plataforma do trem balançando as pernas. Ela admitiu que sua atitude não foi correta, mas argumenta que nada justifica a ação violenta do policial militar.

Ana Marques, advogada de Tauane, informou que vai entrar com petição para incluir homofobia e injúria no boletim de ocorrência. A representação criminal, segundo a defensora, será feita após o resultado do exame de corpo de delito — que deve ficar pronto em dez dias.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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