Conteúdo publicado há 5 meses
Josmar Jozino

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Reportagem

Cunha, Maluf e Collor: PCC muda apelido de líderes para burlar investigação

Líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) recolhidos em penitenciárias federais passaram a usar apelidos de políticos em mensagens para comparsas nas ruas e nas prisões para dificultar a possível identificação durante investigações policiais.

Foi o que descobriu a Polícia Federal ao investigar o envolvimento de parentes dos irmãos Marco Willians Herbas Camacho, 56, o Marcola, e Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, 53, conhecido como Júnior ou Marcolinha, ambos da cúpula do PCC, com tráfico de drogas e jogos de azar.

Os agentes federais apuraram que comparsas de Marcola usam o codinome de Cunha quando se referem a ele. O irmão dele é chamado de Maluf e o parceiro de crime e braço direito deste último, Gilmar Pinheiro Feitoza, 47, o Gigi, é tratado como Collor.

A descoberta dos novos codinomes ocorreu após apreensão de um bilhete na casa de Francisca Alves da Silva, 54, a Preta, mulher de Júnior, durante cumprimento de mandado de busca, no âmbito da Operação Primma Migrattio, deflagrada em abril deste ano.

A Polícia Federal apurou ainda que o bilhete apreendido é de autoria de um preso recolhido no pavilhão 1 da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), considerado um dos mais fortes redutos do PCC no sistema prisional paulista.

Segundo a PF, na mensagem, o prisioneiro prestava contas das atividades criminosas do PCC com seus destinatários e usava principalmente as expressões Cunha e Maluf como os responsáveis pelas transmissões das ordens a serem cumpridas pelos faccionados.

Drogas, armas e jogos de azar

Francisca e o enteado Leonardo Alexander Ribeiro Herbas Camacho, 25, o Léo, filho de Júnior, são acusados de associação criminosa. Ambos estão presos. Outras 20 pessoas também foram denunciadas à Justiça. Todos são réus no mesmo processo.

A Polícia Federal acusa Leonardo e Francisca de gerenciar os negócios ilícitos do PCC ligados ao jogo do bicho, tráfico de drogas e de armas no estado do Ceará. Léo é fruto do relacionamento de Júnior com outra mulher. Ele foi detido em Itajaí, em Santa Catarina.

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Já Francisca recebeu voz de prisão em um condomínio de luxo no Arujá, Grande São Paulo. Além deles, foram presos Geoma Pereira de Almeida, 54, o Branco, apontado como um bicheiro, e Menesclau de Araújo Souza Júnior, 42, o Coxinha, responsável por administrar os negócios da família Camacho.

Ainda segundo a PF, foram identificadas movimentações financeiras suspeitas superiores a R$ 300 milhões nas contas dos réus. As investigações duraram dois anos e apontaram que o PCC migrou parte de da estrutura gerencial de São Paulo para o Ceará.

A facção teria implantado no território cearense atividades clandestinas, como o tráfico de drogas e armas, exploração de jogos de azar e lavagem de dinheiro das atividades ilegais em loteria esportiva administrada pela organização criminosa.

A PF apurou também que parte dos R$ 300 milhões movimentados de forma suspeita nos últimos anos seria empregada na corrupção de servidores públicos. Dois policiais militares foram presos sob a acusação de integrar o núcleo logístico da quadrilha.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos acusados. O espaço permanece aberto para manifestações.

Reportagem

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