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Josmar Jozino

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Reportagem

Marcola não abaixa a cabeça em prisão federal e é repreendido; ouça áudios

O preso Marco Willians Herbas Camacho, 56, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC (Primeiro Comando da Capital), foi repreendido por um chefe de segurança da Penitenciária Federal de Porto Velho (RO) porque não olhou para o chão enquanto caminhava escoltado fora da cela.

A advertência aconteceu em meados de 2022 e foi gravada. A reportagem teve acesso a esse e outros áudios da conversa entre o agente federal e o prisioneiro. O servidor deixa claro que quem não cumprir o procedimento de andar com a cabeça baixa vai ser cobrado e pode responder por falta grave.

Marcola havia sido transferido da Penitenciária Federal de Brasília para Porto Velho em 3 de março de 2022. Ele ficou lá até 25 de janeiro de 2023, quando foi mandado de volta para a unidade do Distrito Federal, por determinação do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Na conversa com o agente federal em Porto Velho, Marcola diz que no presídio de Brasília a norma de olhar para o chão não era cobrada. O chefe de segurança retruca e adverte que a ordem de baixar a cabeça é clara, direta, legal e vai ter de ser cumprida todo dia.

O presidiário insiste em dizer que é educado, respeita todos os funcionários, procura chamar a todos de "senhor", mas reclama de uma agente penitenciária que, segundo ele, o trata mal desde o primeiro dia em que ele pisou em Porto Velho.

Para Marcola, a servidora não gosta dele porque deve ter perdido alguns amigos agentes penitenciários, assassinados pelo crime organizado, e o culpa por isso, achando que ele, por ser apontado como líder de facção, sabe de tudo e é o mandante.

Chamou ex-aliado de psicopata

Foi na conversa com esse mesmo chefe de segurança que Marcola chamou Roberto Soriano, 51, o Tiriça, de psicopata. A fala do líder do PCC gerou uma das maiores crises da história do PCC. Ele foi chamado de delator. Ambos eram parceiros leais e agora viraram inimigos.

O áudio acabou usado no júri que em 25 de agosto de 2023 condenou Tiriça a mais 31 anos de prisão pelo assassinato da psicóloga Melissa de Almeida Araújo. A vítima trabalhava na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR) e foi assassinada a tiros na vizinha cidade de Cascavel em maio de 2017.

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Tiriça acusou Marcola de delator e defendeu a exclusão dele do PCC. Já a cúpula da facção criminosa divulgou comunicado explicando que Marcola não fez nada de errado e anunciando que Tiriça havia sido expulso da organização e estava jurado de morte por calúnia e traição.

Nesse mesmo áudio, Marcola diz que jamais mandou matar agente penitenciário federal. Ele admite que é um preso perigoso, mas tenta explicar que a periculosidade não é no sentido de mandar matar funcionários, mas sim em tentar fugir, porque tem mais de 300 anos de condenação.

O advogado Bruno Ferullo, defensor de Marco Willians Herbas Camacho, deixou claro que apenas se manifesta sobre assuntos processuais envolvendo o cliente.

Assista ao episódio Marcola, da série "PCC - Primeiro Cartel da Capital", do UOL:

Reportagem

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