PCC quer vingar morte de jovem que teve celular roubado no Capão Redondo
Além das Polícias Civil e Militar, o PCC (Primeiro Comando da Capital) também procura o ladrão suspeito de matar o adolescente Felipe Belarmino dos Santos, 17, para roubar um telefone celular. O crime brutal aconteceu no último domingo (14) no Capão Redondo, zona sul de São Paulo.
Câmeras de segurança da região filmaram a ação. Mulheres de presos ligados ao PCC viram as imagens e disseram ao UOL que estão chocadas. "Nós também temos filhos e não toleramos uma violência desnecessária come essa", comentou uma delas.
Felipe não reagiu, entregou o aparelho e mesmo assim foi baleado na cabeça às 15h30, na rua Marmeleira da Índia. A vítima chegou a ser levada para o Hospital do Campo Limpo e morreu dois dias depois. O corpo foi enterrado no Cemitério Memorial Parque das Cerejeiras. A família está em estado de choque.
'Salve' do PCC
O autor do latrocínio (roubo seguido de morte) fugiu em uma bicicleta elétrica. Mulheres de presos disseram que ele poderá ter mais sorte e continuar vivo se for encontrado pela polícia, mas que se for localizado pelo PCC será "decretado", a exemplo dos assassinos do pequeno Brayan.
Elas se referiam a Brayan, 5 anos, filho de bolivianos costureiros. Ele estava no colo da mãe Verónica no final da noite de 28 de junho de 2013 quando foi baleado na cabeça após a casa da família, na Vila Bela, zona leste de São Paulo, ser invadida por cinco criminosos portando armas de fogo e facas.
Assustada com o roubo, a criança começou a chorar. Brayan implorou aos assaltantes para que não o matassem e deu algumas moedas do cofre que tinha aos criminosos. A família de nove bolivianos morava em um sobrado pequeno no bairro. Os ladrões encapuzados eram vizinhos das vítimas.
Os costureiros entregaram tudo o que tinham de valor à quadrilha. Eram R$ 4.500. Um dos ladrões, Diego Rocha Freitas Campos, 20 anos, achou pouco o dinheiro e exigiu mais. Verónica se ajoelhou com Brayan no colo e jurou que a família só tinha aquela quantia. Diego, irritado, ameaçava matar as vítimas a todo momento. O criminoso ficou mais violento ainda porque o menino não parava de chorar. O ladrão sacou a arma e atirou à queima-roupa na cabeça da criança.
Coquetel da morte
O PCC divulgou um "salve" decretando a morte dos assassinos de Brayan. O comunicado do "tribunal do crime" do PCC deixava claro que a organização iria vingar à altura a morte do menino. O recado foi transmitido nos presídios e nas ruas.
A Polícia Civil identificou os cinco acusados de envolvimento no crime, mas prendeu apenas Paulo Ricardo Martins, 19, e apreendeu um menor, de 17. Com medo de morrer nas ruas, Felipe dos Santos Lima, 18, se entregou no 49º DP (São Mateus), na presença do advogado.
Felipe e Paulo foram levados para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Santo André, no ABC. No banho de sol acabaram torturados e agredidos. Depois tiveram de tomar o "Gatorade", como é chamado o coquetel da morte, uma mistura de viagra, cocaína, água e creolina.
Meia hora depois, Felipe e Paulo estavam mortos. Eles ainda foram levados em cadeiras de rodas para a enfermaria. A causa da morte foi overdose por cocaína. O PCC desenvolveu a fórmula do coquetel da morte para não ser responsabilizado criminalmente pelo assassinato dos rivais.
Tio matou sobrinho
Diego, o assaltante acusado de ter matado Brayan com tiro na cabeça, era o único da quadrilha que não estava com capuz no dia do crime. Ele usava máscara de palhaço e posteriormente foi reconhecido pelos pais e por um dos tios do menino boliviano.
Policiais civis não conseguiram prendê-lo, mas o "tribunal do crime" do PCC não demorou para encontrá-lo. Nos bastidores da bandidagem correu à época comentários de que um tio de Diego, com antecedentes criminais, escondeu o sobrinho e deu proteção para ele.
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Quero receberO PCC levou o tio de Diego para um "debate" (julgamento) e determinou que ele mesmo matasse o sobrinho, caso contrário seria assassinado. A ordem foi cumprida. Diego foi morto com diversos tiros. A polícia encontrou o corpo dele em 7 de julho de 2013, no Jaçanã, zona norte de São Paulo.
No mesmo dia e no mesmo bairro, o "tribunal do crime" do PCC cumpriu outra "sentença de morte". Wesley Soares Pedrosa, 19, também envolvido na morte de Brayan, foi assassinado com um tiro na cabeça. O corpo dele foi localizado três dias depois.
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