Josmar Jozino

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Marcola ganhou par de tênis de Sílvio Santos, afirma a tia de chefão do PCC

Quando era pequeno e ainda estudava, Marco Willians Herbas Camacho, 56, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC (Primeiro Comando da Capital), foi com uma excursão da escola ao programa Sílvio Santos e ganhou um par de tênis do apresentador.

A revelação foi feita pela aposentada Noêmia Oliveira, tia de Marcola, durante a participação dela e da filha Thais no documentário "O Grito", produzido pela K2 e Real Filmes e exibido desde o último domingo (29) na Netflix.

O documentário mostra a aflição de mães, mulheres, filhos e amigos de presos isolados há anos em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), um sistema de castigo em vigor desde 2003 nas prisões brasileiras e traz também relatos de desembargadores, juízes, advogados, policiais e egressos.

Segundo Noêmia, Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, 52, o Marcolinha, "ficou com ciúme" quando viu o par de tênis que Sílvio Santos havia dado para o irmão dele e quis um igual. A tia teve de comprar um para ele também. "Só as cores eram diferentes para não misturar", disse ela no documentário.

Os irmãos Camacho estão condenados por vários crimes, inclusive por assaltos a transportadoras de valores, e se encontram recolhidos na Penitenciária Federal de Brasília. Ambos ficam em alas diferentes e, segundo fontes ouvidas pela reportagem, eles não se veem há algum tempo.

As penas de Marcola somam 340 anos de reclusão em regime fechado. Segundo o MPSP (Ministério Público do Estado de São Paulo) em 2002, ele assumiu a liderança máxima do PCC após expulsar do grupo os fundadores José Márcio Felício, o Geleião, e César Augusto Roriz Silva, o Cesinha.

No documentário, Noêmia fala emocionada sobre a infância dos sobrinhos. Ela diz que ambos eram muito inteligentes. Ela conta também que ficou muito triste quando soube que Marcola havia sido levado para a antiga Febem (Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor), hoje Fundação Casa.

Sobrinho estava descalço

Quando ela chegou para buscá-lo, Marcola estava descalço. Segundo Noêmia, o sobrinho foi parar na Febem, pela primeira vez, porque havia furtado um pacote de bolacha. Ela deu uma bronca nele: "Você tem tudo e não precisa fazer isso", relembrou ela em "O Grito".

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Em outro relato no documentário, Noêmia revelou que sentiu um aperto no coração ao saber que Júnior, o sobrinho caçula, também tinha sido preso. Ele saiu de casa e foi viajar. A tia tinha arrumado a mala dele. Algum tempo depois, ela recebeu a notícia. Marcola já estava atrás das grades.

Marcola e Júnior estão recolhidos em presídio federal desde fevereiro de 2019, quando foram transferidos da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP). Meses antes, o MP-SP havia anunciado ter descoberto um plano para resgatar os líderes do PCC reclusos naquela unidade prisional.

Os dois irmãos foram removidos para penitenciárias federais com outros integrantes da cúpula do PCC Desde então, a Justiça vem deferindo a prorrogação da permanência de todos eles por mais um ano em unidades federais, longe do estado de São Paulo.

"O Grito" tem direção de Rodrigo Giannetto. O documentário traz ainda relatos de Eunice Ferreira de Moraes, mãe de Paulo César Souza Nascimento Júnior, o Paulinho Neblina, e de Kelly Cristina Borges da Silva, mulher de Célio Marcelo da Silva. Eles também estão em presídios federais.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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