Caso Gritzbach: Mandante da morte de delator do PCC tinha escolta de PMs
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Jantar num restaurante francês em Pinheiros, zona oeste paulistana, escoltado por policiais militares, era uma das rotinas do narcotraficante Emílio Carlos Gongorra Castilho, 41, o Cigarreiro, ligado às facções criminosas PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho).
Cigarreiro foi denunciado ontem pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) como um dos mandantes do assassinato de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, morto a tiros em 8 de novembro do ano passado no aeroporto internacional de Guarulhos.
Meses antes da morte de Gritzbach, Cigarreiro era visto com frequência no restaurante. Segundo fontes, em todas as ocasiões, PMs cuidavam da segurança pessoal dele, mesmo sabendo que o "patrão" já havia sido preso pela Polícia Federal por tráfico de drogas e condenado a 14 anos e 2 meses.
Quando não podia ir ao restaurante para jantar ou comemorar o aniversário com amigos, o criminoso convidava o chef da cozinha para ir a um de seus endereços: um luxuoso apartamento no Jardim Anália Franco, na região do Tatuapé, zona leste de São Paulo.
Uma das comemorações foi filmada pelo próprio Gritzbach. Ele era um dos convidados da festa no imóvel do criminoso. Ambos eram próximos até dezembro de 2021, quando o também narcotraficante Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, comparsa de Cigarreiro, foi assassinado.
Gritzbach foi acusado de mandar matar Cara Preta. Segundo a Polícia Civil, ele investiu R$ 100 milhões em criptomoedas da vítima e desviou o dinheiro. Cigarreiro ficou inconformado com a morte do comparsa, morto a tiros no Tatuapé.
O criminoso ligado ao PCC e ao CV sequestrou Gritzbach com outros parceiros e o levou para um cativeiro também no Tatuapé. Gritzbach foi liberado, mas passou a sofrer ameaças de morte. Para a Polícia Civil, ele foi assassinado a mando de Cigarreiro, em vingança à execução de Cara Preta.
Mesmo procurado, Cigarreiro também tinha o hábito de andar pelas ruas do Tatuapé, sempre escoltado por PMs. Ele nunca foi importunado por policiais civis no bairro. O narcotraficante era ousado e tirou três RGs com nomes diferentes em São Paulo.
Com o nome verdadeiro, gerenciou a rádio Street FM em plena avenida Paulista, 1.776, um dos principais cartões postais da cidade de São Paulo. Ele esteve na emissora nos dias 13 de junho, 30 de agosto e 5 e 9 de setembro de 2024, como divulgou esta coluna.
Fugiu de avião para o Rio
Em 7 de novembro do ano passado, um dia antes do assassinato de Gritzbach, Cigarreiro deixou São Paulo em uma aeronave particular. Ele embarcou no aeroporto de Jundiaí e foi para o Rio de Janeiro, onde se refugiou com a ajuda de comparsas do CV.
Além de Cigarreiro, o MP-SP denunciou outros cinco envolvidos no assassinato de Gritzbach. Três deles são policiais militares acusados de participar diretamente da execução da vítima no aeroporto internacional de Guarulhos e estão presos preventivamente.
A força-tarefa que investigou o homicídio quer saber se os PMs que faziam a escolta de Cigarreiro têm ligação com os três policiais militares denunciados pelo homicídio ou com outros PMs investigados por proteger e vazar informações sigilosas para integrantes do PCC.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Emílio Carlos Gongorra Castilho. O espaço continua aberto para manifestações. O texto será atualizado se houver um posicionamento dos defensores dele.
7 comentários
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Emerson Pinheiro Freitas dos Santos
Deixa ver se entendi... Agora não só estou pagando pelos bandidos eleitos para ir contra os meus interesses como também pago pela escolta particular de traficantes. Perfeito !
Virgilio Vettorazzo
Tarcísio, extremista que abandona o governo pra ir desfilar reacionarismo no RJ, "não tá nem aí": ele só quer saber de ameaçar o judiciário e de defender golpista.
Edson Luiz Camilli
Parece que de uns tempos prá cá (mais ou menos 8 anos) em quase todos crimes de repercussão (nesse comentário não foram considerados os crimes de pequena monta) sempre tem autoridades enroladas no assunto. Será que isso já não é um sinal para chocalhar o bambuzeiro.