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Formulador da economia de Bolsonaro diz que presidente é "explosivo"
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O presidente da (SNA) Sociedade Nacional de Agricultura, Antonio Alvarenga, afirmou em entrevista exclusiva para a coluna que a saída de Roberto Castello Branco da presidência da Petrobras é "lamentável". Ela disse ainda que o presidente é "explosivo" e que Castello Branco "manteve-se firme em preservar a Petrobras de interferências políticas".
Alvarenga é amigo do ministro da Economia, Paulo Guedes, há mais de 20 anos e integrou com Castello Branco o grupo que formulou as propostas econômicas na campanha do presidente Jair Bolsonaro. A equipe ficava no Rio e era um dos três grupos que se reuniu, sobretudo ao longo do segundo turno, para dar corpo ao programa de governo de Bolsonaro.
A coluna conheceu o grupo no fim do segundo turno de 2018. Na sexta-feira, véspera do segundo turno, os integrantes celebravam a vitória de Bolsonaro em um almoço do Iate Clube do Rio de Janeiro. Nesse dia, Alvarenga chegou a ser chamado pelos colegas do grupo de "futuro ministro da Agricultura", mas depois o lugar foi ocupado pela ministra Tereza Cristina.
Além de Castello Branco e Alvarenga, também fazia parte Rubem Novaes, que se tornou presidente do Banco do Brasil no governo Bolsonaro, mas deixou o cargo no ano passado. Ao sair do BB, Novaes disse que decidiu deixar o banco por não ter se adaptado "à cultura de privilégios, compadrio e corrupção de Brasília".
Alvarenga contou que Castello Branco está "calmo" e o general Silva e Luna que assume seu lugar precisará manter "independência da gestão".
Como o senhor vê a saída de Roberto Castello Branco da presidência da Petrobras?
Lamentável o episódio da demissão do Castello. Lamento, como amigo, como acionista da Petrobras, e como brasileiro. Ele foi o melhor presidente da Petrobras nas últimas décadas. Entendo que o conflito entre ele e o Presidente da República decorre da diferença de estilos e da forte personalidade de ambos. Bolsonaro se orienta por seu instinto político. É obstinado e explosivo.
Castello segue uma lógica de gestão empresarial que busca maximizar os resultados financeiros. Ele foi intransigente nesse modelo de gestão na presidência da Petrobras. Enquanto Bolsonaro se preocupava com as consequências de uma greve dos caminhoneiros por causa do aumento do diesel, Castello manteve-se firme em preservar a Petrobras de interferências políticas. Nesse tipo de conflito, sempre perde o elo mais fraco.
Como o senhor vê, em retrospectiva, a situação daquele grupo que se dedicou às propostas da área econômica na época da campanha do presidente Jair Bolsonaro. Muitos foram trabalhar na área econômica do governo e acabaram de alguma maneira com problemas com o presidente. Além do Castelo Branco, ocorreu também o caso do Rubem Novaes, no Banco do Brasil. Há decepção?
Brasilia é uma cidade inóspita. Quem mora no Rio, tem dificuldades em se adaptar. Por outro lado, trabalhar no governo também é muito difícil, sobretudo para quem está acostumado com a iniciativa privada. A lógica é diferente. Além disso, existem interferências políticas de toda ordem. Intrigas, vaidades, pedidos, conchavos, compadrio etc. O desgaste pessoal é grande. É preciso ter muita resiliência. Também tem o vale tudo da disputa pelo poder.
O senhor não sente como se de algum jeito aquele grupo tivesse sido de alguma maneira menosprezado em termos de conhecimento econômico? O presidente está seguindo linhas muito distintas do que foi formulado por eles.
De forma alguma. Na verdade, não existia um grupo organizado com o objetivo de ocupar espaço no governo. Algumas pessoas do grupo foram individualmente convidadas a participar do governo. Não é verdade. O presidente está alinhado com as propostas do ministro Paulo Guedes. É claro que existem pequenas diferenças que eles conversam, ajustam e se entendem. O ministro entende de economia e o presidente entende de política. A economia depende da política, assim como a política depende da economia.
Mas o ministro Paulo Guedes está confortável com a troca do presidente da Petrobras por um militar?
Não conversei com o ministro sobre isso. Para mim não há distinção entre ser militar ou civil. Existe competência ou incompetência. A Petrobras precisa de um presidente competente, como é o Castello. Não conheço o general que ocupará seu lugar para fazer uma avaliação. O que ele precisará manter é a independência da gestão.
Castello Branco fez alguma manifestação por sua saída?
Agradeceu o apoio dos amigos e disse sair com a consciência tranquila por ter dado o melhor de si para a Petrobras. Ele está calmo. Em minha opinião pessoal, deve estar aliviado. Não deve ter sido fácil ser presidente da Petrobras, no estado em que ela se encontrava, abarrotada de problemas. Castello foi um herói, colocou a empresa no caminho da prosperidade.
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