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Depoimento de Mandetta na CPI seguirá roteiro de revelações de seu livro
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O depoimento do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta na terça-feira (4) na CPI da Pandemia terá como uma espécie de roteiro o que ele já revelou em seu livro "Um paciente chamado Brasil - os bastidores da luta contra o coronavírus". Ele será o primeiro a depor no Senado durante o período da manhã. Em seguida, à tarde, deve falar o também ex-ministro Nelson Teich.
A coluna apurou com interlocutores do ex-ministro que ele passou os últimos dias reservado porque não quer passar qualquer impressão de que possa desrespeitar a convocação feita pelos senadores para a CPI. No entanto, essas pessoas dizem que ele pode aprofundar o que relatou em seu livro, lançado no ano passado pela editora Objetiva.
O livro foi feito a partir de depoimentos de Mandetta ao jornalista Wálter Nunes e também com base em relatos que ele manteve escrevendo diariamente sobre a situação do trabalho no ministério quando atuava no combate ao novo coronavírus e a difícil relação com o presidente Jair Bolsonaro em 2020.
Quem já leu o livro sabe, por exemplo, que Mandetta contou sobre episódios e reuniões em que Bolsonaro ignorou a gravidade da situação da covid-19 e fez questão de ignorar a orientação sobre isolamento social que estava sendo seguida em todo o mundo.
Um caso ocorreu em 15 de março de 2020, quando ocorreu uma manifestação de apoiadores do presidente em franco confronto com o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, a primeira das manifestações antidemocráticas. Mandetta relata que o major Cid, assessor de Bolsonaro, afirmou que o presidente ia cumprimentar os apoiadores na frente do Palácio do Alvorada, a despeito das orientações de evitar aglomerações, e estava convocando o seu então ministro da Saúde para estar ali a seu lado.
Mandetta disse que respondeu: "Se ele decidiu, ele que arque com as consequências. Você quer que eu faça o quê? Eu sou o ministro da Saúde. Não tenho o que fazer ali".
O ex-ministro também falou sobre a ocasião em que fez uma reunião na biblioteca do Palácio da Alvorada, em 28 de março. Bolsonaro já não acreditava nas orientações do ministério e se recusava a ver uma apresentação com a projeção de casos que apontavam, naquela época, de 30 mil até 180 mil mortes caso não fossem adotadas medidas de isolamento. Hoje o país possui mais de 400 mil mortes.
Braga Netto, então ministro da Casa Civil, e Sergio Moro, à época titular da Justiça, já tinham visto, estavam assustados, e insistiram que o presidente tomasse conhecimento. Bolsonaro ouviu tudo sem grande interesse e no final, segundo Mandetta, apenas questionou: "Você vai elogiar o [governador de SP, João] Doria?".
Depois disso, Bolsonaro, porém, passou a se cercar de outras pessoas que incentivaram o discurso contra o isolamento e as teorias, sem comprovação, sobre cloroquina. Segundo Mandetta, o presidente sempre tinha caixas do medicamento em sua mesa no gabinete. No entanto, não tinha máscaras ou álcool gel. O ex-ministro relatou no livro, ainda, que Bolsonaro determinou que o Exército produzisse cloroquina porque achava que a Fiocruz era comunista e se a instituição fizesse iria "enaltecer o comunismo".
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