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Juliana Dal Piva

REPORTAGEM

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Milton Ribeiro foi indicação de André Mendonça e teve bênção de Michelle

Milton Ribeiro discursa durante sua posse no Ministério da Educação, em 2020 - Reprodução/TV Brasil
Milton Ribeiro discursa durante sua posse no Ministério da Educação, em 2020 Imagem: Reprodução/TV Brasil

com Carla Araújo e Paulo Roberto Netto

22/06/2022 15h30

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A chegada do pastor Milton Ribeiro ao comando do Ministério da Educação, em julho de 2020, ocorreu a partir de uma indicação de André Mendonça, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e, à época, titular do Ministério da Justiça. Mendonça indicou o nome e depois apresentou Ribeiro para a primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Com o apoio dos dois, Ribeiro ganhou o cargo frente a outros nomes sugeridos na ocasião em que o presidente Jair Bolsonaro estava com dificuldades para substituir Abraham Weintraub. Ribeiro foi preso em uma operação da PF hoje por suspeitas de corrupção no ministério.

Centrão quer distância

Com a prisão do ex-ministro, aliados do presidente Bolsonaro no Congresso têm feito questão de lembrar que não são os responsáveis pela indicação de Ribeiro, justamente para evitar que a crise decorrente da prisão do ex-ministro respingue nos parlamentares.

Tanto na ala política do centrão como na bancada evangélica, todos comentam que não são responsáveis pela indicação. Alguns ironicamente estão usando uma passagem bíblica para mostrar que querem distância desta crise: "Dai a César o que é de César".

Indicação

Na época, Bolsonaro recebeu diversas indicações - inclusive do centrão - para o comando do MEC, mas acabou optando por Milton Ribeiro após o então ministro da Justiça, André Mendonça, apresentar o amigo pastor.

Mendonça, que foi o indicado "terrivelmente evangélico" de Bolsonaro para a vaga do STF, classificou Ribeiro ao presidente como "um homem íntegro, competente, bom gestor e agregador. Além de evangélico". O agora ministro do STF também destacou que Ribeiro tinha carreira militar já que ele é segundo-tenente de Infantaria do Exército, o que agradou ao presidente.

Para garantir a escolha, Mendonça levou Ribeiro a Michelle e obteve a "bênção" da primeira-dama, que, ao conhecer Ribeiro, teria se encantado com o pastor. Michelle foi defensora de Ribeiro e, mesmo com as denúncias de corrupção contra o ex-ministro, chegou a pedir que Bolsonaro o mantivesse no cargo.

Em março deste ano, após áudios revelados pelo jornal Folha de S. Paulo revelarem que Ribeiro envolvia o nome de Bolsonaro nas negociações no MEC, o presidente decidiu exonerá-lo.

Na época da escolha, em 2020, Ribeiro disputou o cargo, por exemplo, com outras indicações feitas por outros ministros. Um dos nomes cotados era o reitor Anderson Correia, do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica). Na saída de Ribeiro, Correia foi novamente cotado, mas o presidente optou por promover Victor Godoy, secretário-executivo do MEC.

O UOL procurou Mendonça para comentar a prisão do amigo pastor, mas ainda não obteve retorno. O UOL apurou que o ministro vai evitar comentar sobre o caso do Milton Ribeiro. Interlocutores dizem que ambos já não eram próximos quando ele entrou no STF. A avaliação é que cabem às instituições fazer o que precisar ser feito.