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Em depoimento à PF sobre joias sauditas, Bolsonaro poupa Michelle
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Ao prestar depoimento na PF (Polícia Federal), o ex-presidente Jair Bolsonaro não citou qualquer envolvimento de sua mulher, Michelle Bolsonaro, no episódio das joias. O nome dela sequer foi mencionado. Bolsonaro foi ouvido na sede da PF em Brasília das 14h20 até às 16h45. A íntegra do depoimento do ex-presidente, porém, segue em sigilo e só deve ser disponibilizada nos próximos dias.
O nome de Michelle surgiu no caso por meio do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque. Ele foi o primeiro a tentar liberar as joias, em outubro de 2021, após o confisco, alegando se tratar de um presente para a ex-primeira-dama. Bolsonaro, porém, disse que só soube da existência das joias em novembro do ano passado, 14 meses depois que o suposto presente da Arábia Saudita chegou ao Brasil na bagagem da equipe do ex-ministro Bento Albuquerque.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, porém, integrantes do gabinete presidencial tentaram recuperar o material nesse período. Além desse conjunto que possui um colar e brincos com diamantes, Bolsonaro também recebeu do governo saudita mais dois estojos com joias. Ambos estavam com ele até o caso vir à tona e foram devolvidos após determinação do TCU.
Bolsonaro alegou aos policiais que pediu ao tenente-coronel Mauro Cid para resgatar o presente em Guarulhos a fim de evitar um "constrangimento internacional" e um suposto "vexame diplomático". Segundo interlocutores de Bolsonaro, o ex-presidente também não citou o nome de Bento Albuquerque no depoimento. Ele disse que foi informado sobre a existência do presente por um integrante do Ministério de Minas e Energia.
Depoimento de Cid
A coluna apurou que o tenente-coronel Mauro Cid prestou depoimento sobre o caso em São Paulo também na quarta-feira (5). Pessoas próximas a Cid contaram à coluna que, desde que o escândalo veio à tona, ele tem contado uma mesma história e repetiu essa versão à PF. Segundo Cid, ele foi chamado por Bolsonaro em dezembro do ano passado para recuperar as joias apreendidas pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos.
Em seguida, Cid telefonou para Julio Cesar Vieira Gomes, ex-oficial da Marinha do Brasil, e então secretário que chefiava a Receita Federal. Foi apenas nessa conversa, segundo os aliados de Bolsonaro, que o tenente-coronel tomou conhecimento que se tratava de um conjunto de joias. Na versão deles, quando o ex-presidente pediu que o presente fosse retirado, não foi mencionado que se tratava de diamantes que tinham sido presenteados pelo governo da Arábia Saudita. Bolsonaro teria dito simplesmente que tinha "algo" pra ele.
Ao falar com Gomes, Cid ouviu que se tratava de um conjunto de joias. No entanto, segundo assessores de Bolsonaro, não foi mencionada qualquer dificuldade para a retirada dos diamantes.
Depois disso, ele emitiu um ofício com o brasão da República para pedir a liberação das joias apreendidas em Guarulhos. No documento, obtido pela GloboNews, Cid dizia que o estojo que continha os itens estaria no "acervo privado" de Bolsonaro.
Depois do ofício requisitando o material e, a partir disso, enviou alguém de sua equipe para Guarulhos em 29 de dezembro de 2022 para fazer a retirada. Foi escolhido o primeiro-sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva. O sargento, porém, foi barrado na tentativa.
Ao receber a negativa, Silva chegou a telefonar para Cid e para o ex-chefe da Receita Federal para tentar fazer com que as joias fossem entregues, o que não ocorreu. Nesse meio tempo, uma funcionária recebeu ordens de servidores na coordenação da Ajudância de Ordens da Presidência para pedir ao Departamento de Documentação Histórica do Gabinete da Presidência da República para lançar os diamantes no sistema.
A coluna apurou junto com assessores de Bolsonaro que os trâmites foram acelerados devido ao fim do mandato já que Bolsonaro viajou aos EUA no dia 30 de dezembro.
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