Votos via correio ou antecipado tendem a prejudicar Trump e favorecer Biden
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O passageiro surto de realismo do presidente Donald Trump reflete a estratégia de atirar para todos os lados tentando ver se acerta em algo eficiente a fim de reverter a queda nas pesquisas. Os levantamentos apontam dianteira confortável do democrata Joe Biden na disputa pela Casa Branca.
Nesta quarta-feira, 29 de julho, faltam exatos 97 dias para as eleições de 3 de novembro. Para dificultar a possibilidade de reeleição de Trump, a votação começará bem antes, o que reduz o tempo do republicano para conseguir uma virada.
Pesquisas recentes apontam que Biden poderia alcançar mais de 330 votos no Colégio Eleitoral, instância que exige maioria absoluta (270) dos 538 delegados para a conquista da Casa Branca.
Nos EUA, é permitido o voto antecipado. Na média, os estados autorizam que os eleitores possam fazer suas escolhas 19 dias antes da data oficial. Michigan, Vermont e Virgínia permitem começar a votar a partir de 20 de setembro — 45 dias antes. A Flórida é mais conservadora do que a média, estabelecendo uma janela de uma semana para o voto antecipado, que vai de 24 a 31 de outubro.
Numa pandemia, é lícito supor que crescerá o número de eleitores que votarão antecipadamente a fim de evitar aglomerações e filas longas em 3 novembro. O voto antecipado ("Early Voting", em inglês) é diferente do voto pelo correio.
O voto antecipado prevê o comparecimento físico do eleitor a locais determinados pela autoridade eleitoral. Como a eleição acontece numa terça-feira, que é dia útil (3 de novembro), muitos trabalhadores, sobretudo negros e latinos, têm dificuldade para compatibilizar as obrigações profissionais com o voto, que é facultativo nos EUA.
Nesse sentido, o voto antecipado contribui para diminuir a abstenção, incentivando maior comparecimento às urnas. Isso é má notícia para Trump, que se beneficiou em 2016 do desânimo de eleitores para votar em Hillary Clinton. Há expectativa de que Biden atraia maior presença.
Além do "Early Voting", há também o voto pelo correio, que também deve aumentar nestas eleições por causa do coronavírus.
O voto pelo correio tem duas formas de ser feito e é diferente de estado para estado, porque cada um tem a sua regra eleitoral. Colorado, Havaí, Oregon, o estado de Washington e Utah são unidades da federação que enviam cédulas pelo correio aos eleitores registrados para votar.
Noutros estados, é preciso requisitar a cédula à autoridade eleitoral. Em alguns, exige-se um motivo para esse pedido. Também a depender da legislação local, o eleitor pode devolver a cédula via correio ou depositá-la numa seção eleitoral previamente aberta.
O voto pelo correio tende a ser mais usado na pandemia. Até o ano passado, 33 dos 50 estados americanos não pediam justificativa para autorizar essa modalidade. Com a covid-19, há pressão para que mais estados facilitem a escolha postal.
Trump tem criticado duramente as possibilidades de voto via correio, alegando que podem resultar em enormes fraudes eleitorais. Mas a experiência histórica contradiz o presidente. Fraudes eleitorais são pontuais nos Estados Unidos.
A depender do volume de votos via correio, a apuração poderá demorar dias ou até semanas para ser concluída, o que tende a gerar incertezas que certamente serão exploradas por Trump. Em entrevista recente, ele falou, como disse em 2016, que vai esperar para ver se reconhecerá o resultado da eleição.
Trump sabe que o relógio corre contra os seus interesses. A pandemia se agrava, ele ensaia uma moderação e recua logo em seguida, manda tropas federais para reprimir manifestantes em cidades governadas por democratas, as pesquisas continuam a apontar dianteira de Biden. O presidente parece algo perdido e desesperado.
Nesse contexto, votar antecipadamente ou pelo correio tende a beneficiar mais o democrata Joe Biden, o que será mais uma dor de cabeça para o republicano Donald Trump.
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