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Indicação de conservadora para Suprema Corte é trunfo eleitoral de Trump

Ruth Bader Ginsburg, ministra da Suprema Corte que morreu na sexta 18/09/20 - MANDEL NGAN - 30.nov.2018/AFP
Ruth Bader Ginsburg, ministra da Suprema Corte que morreu na sexta 18/09/20 Imagem: MANDEL NGAN - 30.nov.2018/AFP

Colunista do UOL

23/09/2020 11h36

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A indicação de uma mulher para a Suprema Corte dos Estados Unidos é um trunfo importante para o presidente Donald Trump tentar melhorar o seu desempenho no eleitorado feminino e conservador. As pesquisas apontam vantagem do democrata Joe Biden entre as mulheres.

Trump prometeu anunciar às 17h deste sábado a escolhida para o lugar de Ruth Bader Ginsburg, ministra da Suprema Corte que morreu na sexta-feira aos 87 anos em decorrência de um câncer no pâncreas.

A favorita é Amy Coney Barrett, uma juíza federal da 7ª corte de apelações, com sede em Chicago, em Illinois. Essa corte julga casos dos estados de Illinois, Indiana e Wisconsin. Com 48 anos, ela já manifestou posições em sintonia com cristãos conservadores em aborto, imigração e posse de armas. Professora da Universidade de Notre Dame, Barrett esteve duas vezes nesta semana na Casa Branca. Ela conversou com Trump e auxiliares que fazem um escrutínio de candidatas.

A concorrente de Barret é outra juíza federal, Barbara Lagoa, 52 anos. Ela atua na 11ª corte de apelações, responsável pelos estados da Flórida, Geórgia e Alabama. Filha de imigrantes cubanos, ela também tem posições políticas conservadoras. Ambas são católicas.

Segundo relatos da imprensa americana, Trump está inclinado a apontar Amy Coney Barrett, mas há um lobby de setores do Partido Republicano a favor de Barbara Lagoa.

Influência no Colégio Eleitoral

A Flórida é um estado decisivo para formação de maioria no Colégio Eleitoral. As pesquisas apontam empate técnico no estado entre Trump e o candidato democrata, Joe Biden. A Flórida tem 29 dos 538 assentos no Colégio Eleitoral. Por isso, republicanos argumentam que Barbara Lagoa seria mais útil politicamente ao presidente.

Mas Amy Coney Barrett também pode ajudar a atrair eleitores de estados do meio-oeste americano que são decisivos, como Wisconsin, com 10 cadeiras no Colégio Eleitoral.

Para ser eleito presidente, é preciso obter, pelo menos, a maioria absoluta (270) dos 538 delegados. Trump perdeu no voto popular para Hillary Clinton em 2016, mas derrotou a democrata no Colégio Eleitoral.

Eleitorado feminino é maioria nos EUA

Realizada entre 9 e 13 de julho, uma pesquisa da Universidade de Quinnipiac mostrou Biden com 59% da preferência feminina contra apenas 31% de Trump. Entre os homens, Biden e Trump estavam empatados com 44% cada um.

Uma pesquisa feita no começo deste mês, da Lake Research e do Emerson College Polling, avaliou o desempenho de Biden e Trump em diversos segmentos do eleitorado feminino.

Em dez estados considerados decisivos para a vitória no Colégio Eleitoral, Biden obteve 54% contra 41% de Trump. Entre mulheres que moram nos subúrbios americanos, os números são 55% a 41% para o democrata e o republicano, respectivamente.

Biden consegue sua maior vantagem na preferência das eleitoras negras. Segundo a pesquisa, 84% manifestaram apoio ao democrata. Apenas 12% afirmaram que votarão em Trump.

O candidato democrata também vai muito no segmento de eleitoras com menos de 30 anos de idade. Ele marcou 79% contra 18% do republicano.

Segundos dados da última eleição, as mulheres representam 53% do eleitorado americano. Se quiser virar o jogo contra Biden, Trump precisa crescer nessa fatia decisiva do eleitorado.

Daí a importância da indicação de uma mulher conservadora para a vaga da liberal Ruth Bader Ginsburg. Senadores republicanos sinalizaram ter maioria para aprovar o nome indicado por Trump numa tramitação a jato para que os eleitores conservadores compareçam às urnas em 3 de novembro já sabendo que a Suprema Corte dos EUA passará a ter 6 conservadores contra 3 liberais.

Ao contrário do Brasil, onde ministros do Supremo Tribunal Federal têm de se aposentar aos 75 anos, o cargo é vitalício nos EUA. Num mandato só, Trump poderá se gabar de ter indicado 3 ministros conservadores, todos na faixa dos 50 anos, para ficarem décadas na mais alta corte de Justiça do país. É um legado conservador nada desprezível que influenciará questões fundamentais da dividida sociedade americana.