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Reeleição é crucial para Trump se blindar contra ex-colaboradores em apuros

Julgamento de Steve Bannon por fraude envolvendo muro está marcado para maio. Ele foi "guru" da campanha vitoriosa do republicano - Carlos Barria
Julgamento de Steve Bannon por fraude envolvendo muro está marcado para maio. Ele foi "guru" da campanha vitoriosa do republicano Imagem: Carlos Barria

Colunista do UOL

25/10/2020 04h03

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No último debate da campanha eleitoral, na noite desta quinta-feira, o presidente Donald Trump fez insinuações de corrupção contra o adversário, o democrata Joe Biden. Mas quem tem com o que se preocupar nessa área é o republicano. Não há nenhuma investigação policial ou judicial contra o democrata.

Fantasmas assombram o futuro de Trump, sobretudo se ele não conseguir se reeleger. O caso mais delicado tramita na Justiça da cidade de Nova York, que investiga a vida financeira e tributária do presidente dos Estados Unidos (EUA) e de seu grupo empresarial.

Fraude fiscal dá cadeia nos EUA. Há fortes suspeitas de que Trump, que pagou apenas US$ 750 em Imposto de Renda em 2016 e a mesma quantia no ano seguinte, tenha tentado ludibriar o fisco americano. O jornal "The New York Times" revelou que as empresas do presidente vão mal financeiramente e podem ter negócios imobiliários suspeitos com países governados por autocratas adulados por Trump. O presidente admitiu ter dívidas de mais US$ 400 milhões a vencer, dizendo que são uma pequena fração do seu patrimônio.

Há oito ex-colaboradores de Trump na mira da Justiça. Estão presos ou respondem a processos criminais. Se Trump não se reeleger, aumentam as chances de eventuais delações de amigos encrencados com a Justiça americana.

Em tom de bravata, o presidente americano tem recusado o compromisso de fazer uma transição de poder pacífica na hipótese de vitória de Biden. Trump também ameaça transformar a apuração eleitoral após 3 de novembro numa batalha judicial para invalidar votos via correio.

No calor da eleição, essas ameaças fazem parte de um jogo estratégico para tenta se reeleger. Essa atitude está em sintonia com estilo agressivo e divisionista com o qual o presidente chegou ao poder e governa os EUA.

No entanto, se o republicano perder a reeleição, terá de se concentrar nos seus próprios problemas com a Justiça. A ideia de que poderia dar um perdão a si mesmo não encontra respaldo legal. Faria mais sentido tentar buscar algum tipo de pacificação com o eventual governo Biden para evitar o risco de processos que possam resultar em condenação e prisão.

Os 8 homens do presidente

Nesse contexto, ex-colaboradores com problemas na Justiça são sempre fios desencampados que podem criar problemas para o ex-chefe. Dos oito "trumpistas" em apuros, o mais notório deles é Steve Bannon, o ex-estrategista da campanha vitoriosa do republicano em 2016.

Bannon responde por acusação de fraude, usando um site para arrecadar fundos privados para a construção de um muro entre os EUA e o México, promessa não cumprida de Trump. Bannon é suspeito de desviar mais de US$ 1 milhão de doadores privados.

Em agosto, Bannon foi preso e solto depois de pagar fiança. Ele nega as acusações. O presidente disse que não incentivou a ideia de criar um site para buscar arrecadações privadas e evitou criticar o ex-assessor. Bannon é um arquivo vivo.

Roger Stone, um amigo antigo de Trump e seu colaborador político, foi condenado por mentir sob juramento a respeito da investigação de eventual interferência russa nas eleições de 2016. Ele responde a acusações de obstrução de investigação do Congresso e falso testemunho. Um dia antes de começar a cumprir uma pena de três anos, Trump lhe deu o perdão presidencial.

O ex-advogado de Trump Michael Cohen virou inimigo figadal. Tem dado entrevistas à imprensa americana dizendo que Trump "só pensa nele" e mente o tempo todo. Cohen confessou ter pago uma mulher que teria tido encontros sexuais com Trump a fim de comprar o silêncio dela. Ele também disse que o presidente fez tratativas imobiliárias nebulosas em Moscou, na Rússia. O presidente nega.

O general Michael Flynn, que foi conselheiro de Segurança Nacional de Trump, confessou que também mentiu sobre conexões entre a campanha de Trump e Moscou. Depois, afirmou que fora vítima de armadilha do FBI, a Polícia Federal americana. O caso tramita na Justiça do Distrito de Colúmbia.

Ex-diretor da campanha eleitoral de Trump, Paul Manafort foi condenado a sete anos e meio de prisão, mas conseguiu passar a cumprir a pena em casa por causa da pandemia de coronavírus. Ele foi condenado por fraude fiscal, lavagem de dinheiro e lobby ilegal em casos de consultoria política, sempre com suspeitas apontando relações russas e ucranianas esquisitas.

Outra estrela da campanha eleitoral de Trump, Rick Gates, também admitiu ter mentido para investigações a respeito de Roger Stone e Paul Manafort. Ficou 45 dias preso.

George Nader, conselheiro informal de Trump em política externa, foi sentenciado a dez anos de prisão na Virgínia. Ele teria mentido numa investigação sobre a suposta interferência russa nas eleições de 2016. Também confessou possuir pornografia infantil.

George Papadopoulos, que participou da campanha de Trump em 2016, ficou duas semanas preso por mentir para o FBI sobre as investigações a respeito da eventual interferência russa nas eleições de quatro anos.