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A notícia nas "rachadinhas" sempre foi o pai, não os filhos aprendizes
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Fabrício Queiroz e a filha Nathalia foram demitidos em 15 de outubro de 2018 dos gabinetes de Flávio Bolsonaro, então deputado estadual no Rio de Janeiro, e de Jair Bolsonaro, deputado federal que concorria à Presidência da República naquela época.
Desde então, todos os holofotes ficaram concentrados no filho Flávio, mas o "ó do borogodó" sempre foi o pai. Na época, a imprensa amava o "liberal" Paulo Guedes e suspirava horrores por Sergio Moro. Era o tempo da falsa equivalência a galope. Uma cortina de fumaça para não atrapalhar os planos de eleição de Bolsonaro caiu como uma luva. Rolou uma operação limpeza.
É curioso ver o que aconteceu nos últimos três anos e se deparar com a firmeza das críticas feitas a agora a Bolsonaro e filhos. A pandemia realmente elevou o fervor democrático de muita gente na política e no jornalismo. Isto é mera constatação da cegueira conveniente e seletiva que ajudou a jogar o país no abismo. Moro, por exemplo, continua a ser endeusado apesar de toda a sua contribuição para o obscurantismo bolsonarista.
A demissão de Queiroz e filha na campanha eleitoral de 2018 tinha todo o cheiro de uma operação para limpar a área e evitar uma complicação das "rachadinhas" para o projeto de "renovação-da-política-e-salvação-do-Brasil", esse engodo que foi a eleição do pior político da história do país. O jornalismo fez vista com grossa, com honrosas e efêmeras exceções. O assunto foi esfriando aos poucos. Nossos heróis da Lava Jato diziam que o Brasil estava mudando para melhor.
Nesta segunda-feira, o UOL revela a "Anatomia das Rachadinhas". Vale a leitura de cada linha. A reportagem é cristalina: a notícia nas "rachadinhas" sempre foi Jair Bolsonaro e não os filhos aprendizes (01, 02, 03 e recentemente 04).
O país está diante de um crime conexo para a obtenção do mandato presidencial. Foi o que aconteceu com a varrida para debaixo do tapete a respeito da contratação da filha de Queiroz pelo gabinete do então candidato ao Palácio do Planalto.
Ciro Gomes, possível candidato do PDT à Presidência, tem razão quando diz que o pai ensinou tudo aos filhos. A "rachadinha" é Jair Bolsonaro na veia.
Com tantos crimes de responsabilidade cometidos ao longo da pandemia, uma tragédia que piora a cada dia no país, parece secundário falar em crime conexo cometido em outubro de 2015. Mas ali estava o marco inicial, digamos assim, de uma nova etapa na carreira do defensor de torturadores, parceiro de milicianos, homofóbico, antiambientalista, misógino, genocida, armamentista, falso moralista, surrupiador do erário... a lista não acaba.
Parabéns aos envolvidos. É ótimo que boa parte dos responsáveis pela eleição de Bolsonaro esteja arrependida e disposta a seguir um outro caminho em 2022. Mas não é possível esquecer a contribuição que deram quando gente morre sem UTI, o país bate recorde de internações e mortes por covid e o empobrecimento campeia país afora. O Brasil está sendo destruído pelo atual presidente da República. Vai dar muito trabalho para consertar. Será impossível recuperar vidas perdidas e reparar tanto sofrimento. Mas será preciso começar tirando do poder essa gente sem a menor qualificação para comandar um país como o Brasil.
Convém nos lembrarmos bem disso para não repetir. Bolsonaro nunca mais.
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