Ao usar caso Marielle para dar recado a STF e PF, Lira volta a irritar Lula
A morosidade da Câmara para bater o martelo sobre a prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido) é uma forma de o presidente da Casa, Artur Lira (PP-AL), desafiar o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Polícia Federal (PF), além de irritar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). É o que afirmou o colunista do UOL Kennedy Alencar no Análise da Notícia desta quarta-feira (27).
O STF enviou no domingo ofício sobre a prisão do deputado, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. A Câmara tinha 24 horas para se pronunciar.
Pela lei, a Câmara precisa autorizar ou revogar a prisão. Mas o Lira, que é um especialista em deixar o regimento esquecido na gaveta em votações de interesse dele, atropela o regimento da Câmara, sob a máxima que por acordo pode tudo. Não é bem assim, há questões regimentais que você não pode atropelar por acordo. Ele está querendo usar todo o tempo do regimento para avaliar a prisão, provavelmente, vai acontecer na segunda semana de abril. Ao mesmo tempo, há um movimento de parlamentares da base de extrema direita e de direita no Congresso de tentar desacreditar a investigação da PF e a delação do Ronnie Lessa. Lira está avalizando essa operação tartaruga porque ele quer dar um recado. Kennedy Alencar
Segundo o colunista, o primeiro recado é para o ministro do STF Alexandre de Moraes e o próprio STF. O segundo, para o presidente Lula.
O primeiro é de que as delações que envolvam parlamentares e os pedidos de prisão não podem acontecer assim tão facilmente, é criar obstáculos para isso. Ao mesmo tempo, isso desgasta um pouco o trabalho da Polícia Federal. Ao fazer esse movimento, o Lira tira força do trabalho da PF num caso que é ponto de honra pro Lula e pro governo dele: o esclarecimento do assassinato da Marielle Franco e do Anderson Gomes. Kennedy Alencar
O Lira voltou a irritar o Lula, que está contando os dias para ele sair da presidência da Câmara. Lula não quer e não vai apoiar o candidato do Lira à presidência. A não ser que ele tenha que engolir, ele vai trabalhar para rachar o centrão, pra ter um nome menos ligado ao Artur Lira. Mas, a sucessão é só em fevereiro do ano que vem, tem todo um ano pela frente dependendo do Lira. O Lula diz publicamente que ele precisa mais do Congresso que do Congresso dele, mas a irritação dele está crescendo nos bastidores em relação ao Lira e isso vai ter consequências. Kennedy Alencar
O Análise da Notícia vai ao ar às terças e quartas, às 13h e às 14h30.
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