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Kennedy Alencar

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Conduta de Guimarães repete padrão bolsonarista de agressão a mulheres

Pedro Guimarães é frequentador assíduo das lives de Bolsonaro -                                 REPRODUçãO
Pedro Guimarães é frequentador assíduo das lives de Bolsonaro Imagem: REPRODUçãO

Colunista do UOL

29/06/2022 17h25Atualizada em 29/06/2022 17h37

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Quem poderia imaginar que o presidente de um banco público poderia se sentir livre para assediar mulheres no governo de um presidente da República que vive atacando mulheres? O caso Pedro Guimarães é um emblema de como o bolsonarismo enxerga o papel e a posição das mulheres na sociedade.

O portal Metrópoles revelou nesta terça-feira depoimentos de funcionárias da Caixa Econômica Federal. São repugnantes os inúmeros relatos de assédio sexuais e morais feitos pelo presidente da Caixa. O Ministério Público investiga os crimes.

Destampada a caixa de pandora, cronistas do poder revelam agora ter bastidores de que os rumores sobre a conduta de Pedro Guimarães são antigos e sabidos na corte brasiliense. Num misto de hipocrisia e indignação, surgiram relatos de que há uma disputa entre o que se chama de "ala ideológica" e "ala política" sobre o que fazer com o presidente da Caixa, se uma saída do cargo "a pedido" ou uma demissão direta.

Ao falar em "ala ideológica", certo jornalismo profissional normaliza a selvageria bolsonarista. Essa ala não prega ideias minimamente defensáveis no debate público, mas é justamente a encarregada de atacar os direitos das mulheres, como acontece no caso da cartilha do Ministério da Saúde sobre as hipóteses de aborto legal previstas no Brasil.

A "ala política" é o velho e pragmático Centrão, grupo fisiológico que tomou conta das sobras do governo Bolsonaro. Esses caciques sabem que o episódio Pedro Guimarães tende a aumentar a já alta rejeição do presidente no eleitorado feminino e pressiona Bolsonaro a adotar uma medida por cálculo eleitoral.

Mas sejamos claros aqui. Bolsonaro sabia das acusações de assédio sexual contra Pedro Guimarães e nada fez depois de terem tido uma conversa sobre o tema. O presidente da Caixa continuou a acompanhá-lo com lugar de destaque na comitiva nas viagens presidenciais pelo país.

O caso dos assédios sexuais e morais na Caixa explodiu na semana em que o Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou a condenação de Bolsonaro por agressão sexista à jornalista Patrícia Campos Mello. O tribunal também elevou para R$ 35 mil a indenização que o presidente da República deve pagar à jornalista por ter feito uma declaração com insinuação mentirosa de troca sexual por informação. Patrícia fez reportagens que revelaram um esquema bolsonarista para disparos em massa de fake news na eleição de 2018.

A conduta de Pedro Guimarães, um tiete e frequentador assíduo das lives presidenciais, está em sintonia com o comportamento misógino e machista do "imbrochável" Jair Bolsonaro. O primeiro repete o padrão bolsonarista de agressão às mulheres.

Há uma série de ataques feitos por Bolsonaro a mulheres, especialmente jornalistas, nos últimos anos. Bolsonaro é o autor do ataque vil e covarde à deputada Maria do Rosário (PT-RS). O atual governo destrói políticas públicas para as mulheres e desfere ataques em série aos direitos conquistados pelo movimento feminista.

Bolsonaro e Guimarães são uma coisa só. São agressores de mulheres. Ambos devem ser responsabilizados por seus crimes.