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Kennedy Alencar

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Censura ao UOL é típica de ditaduras e será derrubada na Justiça

Bolsonaro teme que escândalo sobre dinheiro vivo alcance o eleitor indeciso - INSTAGRAM
Bolsonaro teme que escândalo sobre dinheiro vivo alcance o eleitor indeciso Imagem: INSTAGRAM

Colunista do UOL

23/09/2022 11h50Atualizada em 23/09/2022 13h32

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Por decisão liminar do desembargador Demetrius Gomes Cavalcanti, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, o UOL recebeu ordem para retirar do ar duas reportagens e postagens em suas redes sociais com menção aos relatos que mostram que a família Bolsonaro usou dinheiro vivo para adquirir 57 de 101 imóveis.

O nome disso é censura, algo típico de ditaduras e inadmissível numa democracia.

A censura ao UOL expõe o incômodo de presidente Jair Bolsonaro e seus familiares com o jornalismo e a democracia. Sem resposta para os questionamentos de reportagens, preferem tentar tapar o sol com a peneira.

O magistrado Cavalcanti concordou com um pedido do senador Flávio Bolsonaro (PL), filho do presidente Jair Bolsonaro que é useiro e vezeiro de compras em dinheiro vivo. Diga-se de passagem, uma bela bolada suspeita de ter origem ilícita (rachadinha).

O UOL está recorrendo e terá êxito, porque a decisão do desembargador Cavalcanti contraria a Constituição, que assegura a liberdade de imprensa. As reportagens atendem ao interesse público. Ponto final.

O episódio é um retrato do país que Bolsonaro e os filhos querem construir. Num projeto de destruição institucional, desejam transformar o Brasil numa república de banana. Dia 2 de outubro está se aproximando. Bateu o desespero eleitoral. Bolsonaro sabe que as pesquisas estão certas e apontam a impossibilidade de reeleição. Aliás, há probabilidade razoável de a disputa presidencial ser decidida no primeiro turno.

Não haverá desembargador camarada que dê jeito na coisa. É melhor o presidente já ir se acostumando. Como diz a música do Chico, "apesar de você, amanhã há de ser outro dia; eu pergunto a você onde vai se esconder...".