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Kennedy Alencar

OPINIÃO

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Em novo vexame, Bolsonaro conta, pelo menos, 11 grandes mentiras na ONU

20.set.22 - O presidente brasileiro Jair Bolsonaro discursa durante a 77ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York - Michael M. Santiago/Getty Images/AFP
20.set.22 - O presidente brasileiro Jair Bolsonaro discursa durante a 77ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York Imagem: Michael M. Santiago/Getty Images/AFP

Colunista do UOL

20/09/2022 11h41Atualizada em 20/09/2022 12h04

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O presidente Jair Bolsonaro contou, pelo menos, 11 grandes mentiras no discurso que fez na abertura da Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira (20), em Nova York.

Começou faltando com a verdade sobre a pandemia de covid-19. Disse que o governo "não poupou esforços para salvar vidas e preservar empregos". Mentira número 1. Bolsonaro agravou os efeitos da pandemia no Brasil. Mais gente morreu por ações e omissões diretas dele. O negacionismo atrapalhou a economia.

A segunda inverdade foi afirmar que, desde o início da pandemia, ele se esforçou para garantir o auxílio emergencial. A equipe econômica de Paulo Guedes resistiu e queria pagar apenas R$ 200. Foi o Congresso que aumentou para R$ 400.

Terceira grande mentira: o governo investiu em amplo programa de imunização. Bolsonaro falou como se tivesse atuado a favor da vacinação contra a covid. Pelo contrário. Lançou dúvida sobre a eficácia da vacina. Demorou a comprar imunizantes, só agindo mais rápido após pressão da CPI da Covid.

A quarta inverdade foi dizer que fez reformas para melhorar a economia. A da Previdência já estava encaminhada pelo governo Temer e saiu a contragosto de Paulo Guedes. No resto, só patinou. Guedes é um desastre na relação com o Congresso.

Quinta grande mentira: "Extirpamos a corrupção sistêmica no Brasil". Ora, houve inúmeros casos de corrupção do governo e da família que adora rachadinhas e comprar imóveis com dinheiro vivo. Ao tratar de corrupção, ainda ousou usar a tribuna da ONU como palanque eleitoral para atacar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, numa demonstração evidente de desespero de quem enxerga a derrota iminente.

A sexta mentira é afirmar que a economia está em plena recuperação e com inflação em baixa. Houve intervenção direta de Bolsonaro para criar um ambiente econômico mais positivo durante as eleições, mas pagando o preço de comprometer o crescimento de médio prazo. Desrespeitou regras fiscais e fez o diabo para tentar comprar votos.

O presidente teve a cara de pau de afirmar que a queda do preço da gasolina não se deveu a uma intervenção do governo, mas a um acordo com o Congresso. Ora, não teve coragem de mudar a política de preços da Petrobras, que é atrelada ao dólar. Ele baixou o preço da gasolina na marra, derrubando receitas de Estados e gerando deflação que não atinge o preço dos alimentos. Esta é a sétima grande mentira.

A oitava mentira foi dizer que o Auxílio Brasil foi criado no seu governo. Trata-se de uma roupagem nova do Bolsa Família. Os pobres sabem que é uma inverdade e que a elevação para R$ 600 até 31 de dezembro é puro estelionato eleitoral.

Bolsonaro disse que "o Brasil é parte da solução" na questão ambiental. Afirmou que a vegetação do país é igual à da chegada dos portugueses em 1500. Atacou a imprensa nacional e internacional nesse ponto, dizendo que "a floresta está intocada". Esse tradicional suco de negacionismo ambiental é a nona grande mentira do discurso.

A décima inverdade foi de doer. "Combatemos a violência contra a mulher com todo o rigor", disse o presidente que vive agredindo mulheres em sua carreira política e no exercício do poder. O bolsonarismo é inimigo das mulheres.

Décima primeira mentira: o retrato que Bolsonaro pintou a respeito do sequestro do Bicentenário da Independência. Segundo ele, as manifestações golpistas de 7 de Setembro foram a "maior demonstração cívica da história do nosso país".

Resumo da ópera: apesar da ladainha que já começou sobre o Bolsonaro moderado na ONU, o presidente fez mais um discurso recheado de mentiras que diminuiu e envergonhou o Brasil no cenário internacional.