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Defesa de Maduro enfraquece Lula como líder regional
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Após Lula (PT) se encontrar com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e citar a criação de uma "narrativa" sobre ditadura, ele enfraqueceu sua imagem como líder regional da América do Sul. Na avaliação do colunista do UOL Kennedy Alencar, o presidente brasileiro errou ao normalizar a situação no país vizinho.
Durante o programa Análise da Notícia, Kennedy afirmou que Lula enfraqueceu sua credencial como líder regional e até mesmo como um líder mundial. Em sua opinião, o presidente "defendeu o indefensável", visto que a Venezuela não pode ser considerada um país democrático.
Defesa de Maduro e da Venezuela enfraquecem a credencial do Lula como líder regional". Kennedy Alencar
Lacalle Pou e Boric reagem. Durante a cúpula com presidentes da América do Sul realizada hoje (30) no Palácio Itamaraty, o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, criticou o encontro entre o petista e Maduro. Além dele, o presidente do Chile, Gabriel Boric, que é de esquerda, também divergiu de Lula sobre a situação na Venezuela e sua fala sobre "narrativas".
Encontro foi importante. Apesar do deslize de Lula no encontro com Maduro, a cúpula com presidentes sul-americanos foi importante para o Brasil. O evento reuniu os 12 países da América do Sul pela primeira vez depois do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ter cortado relações com a Venezuela e deixado de dialogar com a Argentina, maior parceiro comercial do Brasil no Mercosul.
Recado para Maduro. Mesmo tendo perdido força no cenário internacional, Lula mandou um recado para Nicolás Maduro. O petista deixou clara a importância de eleições livres na Venezuela em 2024 e também a importância da participação da oposição e de observadores internacionais. "Mas aí emendou um discurso dizendo que Maduro tem que espalhar a narrativa dele para mostrar que a Venezuela é uma democracia", ponderou Kennedy.
Normalização da ditadura. Lula precisa ter mais cuidado em suas falas e na questão das relações internacionais, uma vez que acabou normalizando uma ditadura. Apesar de se destacar no cenário internacional, tendo se reunido com mais chefes de estado em seus seis primeiros meses de governo do que Bolsonaro em quatro anos, o deslize do petista foi grande perante o cenário mundial.
É doido que Lula acabou de derrotar em 2022 um candidato a ditador. Lula derrotou Bolsonaro, que tem muito mais a ver com o que a Venezuela é hoje, mas se colocou em uma posição que enfraqueceu a própria palavra [ao defender uma ditadura]". Kennedy Alencar
Tiro saiu pela culatra. A cúpula com presidentes da América do Sul em Brasília foi organizada para que Lula e o Brasil se colocassem como líderes no continente. O encontro, entretanto, foi tomado pela repercussão das falas do petista. Lula conseguiu, inclusive, ouvir dois convidados (Boric e Lacalle Pou) discordando de suas palavras em sua própria casa.
Relações diplomáticas com a Venezuela. Brasil e Venezuela possuem 2.200 km de fronteira e a relação diplomática entre os países foi cortada durante o governo de Bolsonaro. A retomada das relações possui óbvia importância para o Brasil e é até uma questão de interesse doméstico, uma vez que Roraima, por exemplo, depende da energia elétrica da Venezuela. Porém, não há necessidade de apoiar a ditadura que se instalou no país nos últimos 20 anos. "Do ponto de vista pragmático o que Lula está fazendo está certo e ele acerta quando retoma a relação diplomática, mas ele tinha que ter calibrado melhor o discurso", avaliou Kennedy.
O Análise da Notícia vai ao ar às terças, quartas e quintas, às 19h.
Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.
Veja a íntegra do programa:
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