Leonardo Sakamoto

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Opinião

Derrotado, Marçal posa pela 1ª vez como candidato em live para lavar imagem

Guilherme Boulos (PSOL), que aceitou ser sabatinado por Pablo Marçal (PRTB), nesta sexta (25), pode até ganhar votos no próximo domingo com o encontro, ao se mostrar aberto ao diálogo, mas o grande vencedor é o ex-coach. Ele, que terminou o primeiro turno em terceiro lugar, apontado como hater e divulgador de fake news e com a maior rejeição entre os candidatos, conseguiu uma hora de lavagem de marca junto ao eleitorado.

Marçal foi educado e sereno, inclusive interrompendo o deputado quando ele fazia críticas mais duras contra Ricardo Nunes. Deixou claro que é contra a esquerda, disse que torcia para a derrota de petistas e a vitória de candidatos da direita bolsonarista e que não votará em Boulos. Mas bateu na administração de Nunes, lembrou várias vezes que o prefeito não atendeu ao convite (ligou para ele ao vivo, inclusive) e disse que ficou surpreso pelo deputado ter aceitado participar, e o seu oponente, não.

Sem apelidos, sem xingamentos, sem apresentar fakes. Aos seguidores que reclamavam que eles não atacava Boulos, disse que ele não estava em disputa eleitoral, mas em uma entrevista de emprego. Em suma, agiu como candidato pela primeira vez desde o início da campanha eleitoral.

O empresário sabia da chance que estava tendo. Tanto que afirmou aos mais de 430 mil que acompanharam a conversa pelo YouTube que haverá Boulos e Marçal pelos próximos 30 anos. Ou seja, que ambos estarão no centro da disputa política.

Marçal fez uma campanha atacando os adversários com mentiras. Acusou a deputada Tabata Amaral (PSB) de ser responsável pelo suicídio do próprio pai, Boulos de ser usuário de cocaína, o apresentador José Luís Datena (PSDB) de ser um estuprador e prometeu prender Nunes. O último ato foi a divulgação, no Instagram, dois dias antes do primeiro turno, de um laudo médico falso que vinculava o candidato do PSOL ao uso de drogas.

Em vários momentos na campanha, ele deixou claro que usava os debates para produzir vídeos e que atuava de um jeito que assustava algumas pessoas para poder chamar a atenção em uma campanha sem padrinhos e recursos.

Além disso, também é acusado de basear-se em um ecossistema ilegal que remunerava quem produzisse material de campanha que o beneficiava, o que é ilegal. A Justiça Eleitoral ainda analisa as ações movidas contra ele. Caso seja condenado em algumas delas, pode ficar inelegível por oito anos.

Disse que seria muito fácil a campanha do Nunes ter resolvido a história com ele - Marçal exigiu, em 8 de outubro, um pedido de desculpas do prefeito para apoiá-lo no segundo turno, mas também do governador Tarcísio de Freitas e do ex-presidente Jair Bolsonaro.

E afirmou que acredita que São Paulo terá a maior abstenção eleitoral de sua história — um tipo de sinalização ao eleitorado péssima para a campanha de Nunes, que conta com os votos do ex-coach.

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Ainda assim, Marçal, que já se lançou à Presidência da República, precisa combinar a estratégia de reposicionamento de marca com os russos. Ele corre o risco de ser declarado inelegível pela Justiça Eleitoral por oito anos por conta de tudo o que fez no primeiro turno da campanha.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL