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Ramagem torce para vice de Paes ser do PT, mas prefeito deve ter chapa pura

A negociação para uma chapa pluripartidária encabeçada por Eduardo Paes (PSD) para concorrer à Prefeitura do Rio pode ser considerada apenas "um jogo de cena", diz um aliado do atual prefeito. Paes ainda não oficializou, mas deve anunciar nas próximas semanas o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) como seu vice no pleito pela reeleição, apurou a coluna.

Partidos da base de Paes têm negociado há semanas a formação de uma chapa com vice de outro partido que não o PSD. Alegam que a pluralidade poderia atrair eleitores de diferentes grupos.

Acompanhado de Pedro Paulo, Paes anunciou no fim de semana que a prefeitura vai desapropriar o terreno em que o Flamengo pretende construir seu estádio, na região do Gasômetro, na zona portuária. No anúncio, brincou e fez elogios ao correligionário.

Má notícia para os planos de Ramagem

Se concretizada a chapa "puro-sangue", o cenário fica um pouco mais difícil para o principal oponente de Paes, o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para disputar a Prefeitura do Rio.

A interlocutores, Ramagem tem dito que gostaria de ver o PT na vice de Paes.

O partido do presidente Lula abriu mão de lançar candidato na capital fluminense para apoiar Paes, mas no raciocínio político de Ramagem, a rejeição ao PT teria mais peso se o partido ficasse na vice. Seria fácil comunicar ao eleitor que, se eleito, Paes deixará a cidade ser governada pelo PT a partir de 2026, quando ele pediria licença do cargo para concorrer ao governo do Rio.

A indicação de Pedro Paulo não é o cenário ideal para Ramagem, mas também não é vista como um grande acerto de Paes. A avaliação de interlocutores do PL é a de que os dois têm o mesmo perfil e isto limita a identificação de mais setores da população com a chapa. Resumindo: para Ramagem, Pedro Paulo é considerado um nome que não agrega votos.

Outra fragilidade da chapa seria o fato de que Pedro Paulo já foi acusado de agredir sua ex-mulher, fato que deve ser explorado pelos adversários nas redes sociais durante a campanha.

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A disputa também conta com outros nomes, como Tarcísio Mota (PSOL).

Pesquisa Quaest divulgada na semana passada mostra o atual prefeito na liderança absoluta das intenções de voto para as eleições municipais deste ano. Paes tem 51%, enquanto outros dois candidatos estão empatados tecnicamente em segundo lugar: Ramagem (11%) e Motta (8%). A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

PT ainda tenta ficar na vice

Na semana passada, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, comandou uma reunião no Palácio do Planalto com lideranças de PT, PCdoB, PV e Solidariedade.

Eles decidiram fechar a indicação pelo nome de André Ceciliano (PT-RJ), apoiado por Lula e que se licenciou do cargo de secretário especial de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência no início do mês. Ele precisava se desincompatibilizar do cargo para concorrer na eleição de outubro.

O PDT, que também participou das tratativas, optou por defender a indicação da delegada Martha Rocha, que concorreu à prefeitura em 2020. Ela não passou para o segundo turno — que foi disputado entre Paes e o então prefeito Marcelo Crivella (Republicanos)—, mas ficou em terceiro lugar, à frente de Benedita da Silva (PT) por menos de mil votos.

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Os partidos que estiveram na reunião do Planalto descartam a possibilidade de Martha ser indicada. Consideram a apresentação de seu nome uma forma de o PDT marcar posição. A sugestão de Ceciliano é vista com mais força, até pela predileção de Lula. Mas a coluna apurou que Paes não cederá aos apelos.

Os partidos que estiveram no Planalto não descartam a possibilidade de abandonar a aliança se o prefeito não ceder.

As indicações vão ser oficializadas a Paes em uma reunião no Rio, ainda sem data marcada.

Ramagem quer vice mulher

O PL trabalha com a perspectiva de colocar uma mulher para compor a chapa de Ramagem. Na mesa de negociação estão os nomes da deputada estadual Tia Ju (Republicanos) e da ex-deputada Rosane Félix (MDB).

A principal bandeira de Ramagem na campanha será a segurança pública. O tema é considerado um ativo, porque o Rio de Janeiro vive um histórico problema de segurança e o pré-candidato ocupou a função de delegado da Polícia Federal, além de ter sido chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) no governo Bolsonaro.

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Ele é investigado pela PF por supostamente ter usado a agência para espionar desafetos de Bolsonaro. Para o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, a investigação pode ajudar sua candidatura, uma vez que favorece a narrativa de perseguição judicial ao ex-presidente.

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