Paes define aliado como vice, após polêmica com vídeo de Pedro Paulo
O prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (PSD) definiu a vaga de seu vice na chapa para reeleição. Será o deputado estadual Eduardo Cavaliere, também do PSD e que foi seu secretário na Casa Civil. Durante meses Paes considerou outro correligionário para a vaga, o deputado federal Pedro Paulo, que se afastou da corrida eleitoral depois do risco de vazamento de um vídeo íntimo.
Segundo apurou a coluna, Paes bateu o martelo da chapa em almoço com o presidente Lula (PT) no Palácio do Alvorada, em Brasília, nesta quinta (1). O PT apoia sua reeleição e a legenda tentou indicar o vice, mas Paes queria formar uma "chapa pura" para que o PSD se mantenha à frente da administração municipal em 2026, caso ele deixe a cadeira para concorrer ao governo do estado.
Se o projeto político de Paes der certo, a boa relação com Cavaliere vai facilitar com que ele mantenha influência sobre a prefeitura ainda que se torne governador, dizem aliados.
Aos 29 anos, Cavaliere é considerado uma espécie de "pupilo" de Paes.
Vídeo íntimo de deputado
Na semana passada, Pedro Paulo conversou com Eduardo Paes sobre a possibilidade de desfazer a chapa por causa de um vídeo íntimo que estaria circulando entre a classe política.
O vídeo em questão é antigo. Nos bastidores, adversários de Pedro Paulo na política fluminense questionam se o material seria motivo suficiente para afastá-lo das urnas ou se o parlamentar teria preocupação com eventuais outras gravações.
A mulher de Pedro Paulo foi às redes defender a candidatura do marido.
Como mostrou a coluna, Pedro Paulo tem em mente a possibilidade de continuar na vida pública e a desistência da vaga de vice trás o cálculo de preservar sua imagem para seguir na política a partir de 2026, quando termina seu mandato.
A história do vídeo não fora primeira polêmica em sua carreira política.
O deputado concorreu à prefeitura do Rio em 2016 e sua campanha foi marcada por denúncia de violência contra a ex-mulher. Ele admitiu a agressão e disse que o episódio havia sido "superado"; ela esvaziou o depoimento da única testemunha e minimizou o laudo; e o STF arquivou o processo. Mas o caso ficou presente durante toda a campanha. Ele se cercou de eleitoras na rua, foi chamado de agressor e terminou a corrida eleitoral em terceiro lugar.
Em nota divulgada no início desta noite na qual confirma a chapa, Paes elogia a postura de Pedro Paulo.
"A nossa aliança de partidos tinha à disposição da candidatura quadros muito qualificados, tanto do ponto de vista político quanto administrativo. O PSD, em especial, contava com excelentes nomes que têm trabalhado para melhorar a cidade do Rio e transformar a vida dos cariocas. Entre eles, o deputado federal Pedro Paulo, meu amigo e aliado há trinta anos e gestor preparado para o desafio, que decidiu preservar a família da possível exploração de episódios pessoais que nada têm a ver com o debate da cidade. Sua atitude - de colocar a família em primeiro lugar - faz crescer ainda mais a minha admiração e o meu respeito por ele."
O prefeito também afirmou que Cavaliere "é um jovem político que, desde cedo, demonstra seu comprometimento com o Rio".
"Tenho certeza de que Cavaliere, que já ocupou com excelência os cargos de Secretário de Meio Ambiente e Chefe da Casa Civil na Prefeitura, reúne todas as qualidades para dividir comigo a missão de governar a cidade, se a população nos conceder a honra de um novo mandato."
Legendas disputaram a vice
Partidos da base de Paes negociaram durante semanas a formação de uma chapa com vice de outro partido que não o PSD. Alegaram que a pluralidade poderia atrair eleitores de diferentes grupos.
PT, PCdoB, PV e Solidariedade indicaram o nome de André Ceciliano (PT-RJ). O nome do petista era apoiado por Lula. No entanto, o presidente considera prioritário fechar com Paes, ainda que o partido ficasse de fora da chapa. Por isso também Paes fez o gesto de viajar a Brasília para tratar da definição da chapa.
O PDT defendeu a indicação da delegada Martha Rocha para vice. Ela concorreu à prefeitura do Rio em 2020, mas não passou para o segundo turno —disputado entre Paes e o então prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). Ficou em terceiro lugar, à frente de Benedita da Silva (PT) por menos de mil votos.
As campanhas começam oficialmente em 16 de agosto.
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