Desistência de aliado de Paes após vídeo busca preservar imagem para 2026
A decisão do deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ) de sair da corrida eleitoral tem por trás um cálculo sobre sua imagem para o futuro, avaliam aliados: evitar a exposição negativa agora permite que ele se mantenha apto para seguir ativo na vida política.
Aliado de primeira hora do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), Pedro Paulo era o mais cotado para assumir a vaga de vice na chapa. Na segunda-feira (22), no entanto, Pedro Paulo conversou com Paes e disse que queria deixar a possibilidade de ocupar a vaga de vice por receio da divulgação de um vídeo íntimo que estaria com a campanha de Alexandre Ramagem (PL), principal adversário do prefeito. A notícia da desistência foi publicada inicialmente por um jornalista próximo a Pedro Paulo.
No fim da tarde de ontem, o mesmo jornalista publicou outra reportagem dizendo que o deputado não desistiu da candidatura: que a divulgação da conversa serviria para que o tema fosse debatido em público e desgastar o impacto do suposto vídeo. Aliados afirmam que existe a possibilidade de ele ocupar a vice na chapa. Pedro Paulo ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto. Segundo a colunista Raquel Landim, Paes não teria desistido de ter Pedro Paulo como seu companheiro de chapa.
O projeto político de Paes passa pela reeleição em outubro e pela saída do cargo em 2026 para concorrer ao governo do estado. Ter uma pessoa de sua extrema confiança na cadeira de vice permitiria a Paes manter a ascendência sobre a prefeitura mesmo após deixar o cargo.
Campanha de 2016 marcada por denúncia
O deputado concorreu à Prefeitura do Rio em 2016, quando sua campanha foi marcada por denúncia de violência contra a ex-mulher.
Ele admitiu a agressão e disse que o episódio havia sido "superado". Ela esvaziou o depoimento da única testemunha e minimizou o laudo; e o STF arquivou o processo. Mas o caso ficou presente durante toda a campanha. Ele se cercou de eleitoras na rua, foi chamado de agressor e terminou a corrida eleitoral em terceiro lugar, não conseguindo passar para o segundo turno. A história da agressão respingou na família.
O resultado é que o "combo Pedro Paulo" ficou "pesado" e com "impacto reputacional", diz uma pessoa próxima. Além disso, a avaliação de aliados é que o deputado não agrega voto a Eduardo Paes. Eles têm o mesmo eleitor. O risco, portanto, seria que o histórico do deputado tirasse voto do prefeito.
Na mais recente pesquisa Datafolha, Paes despontou com 53% das intenções de votos —o suficiente para vencer em primeiro turno. Ele foi oficializado no sábado como o candidato do PSD à prefeitura.
Outros nomes para a vice
Com a desistência de Pedro Paulo, o nome mais cotado para a vaga de vice é o do deputado estadual Eduardo Cavaliere (PSD), que foi secretário da Casa Civil de Paes. Ele é considerado uma espécie de "pupilo" do prefeito.
O outro nome que circula nos bastidores é o do presidente da Câmara de Vereadores, Carlo Caiado, também do PSD e com quem Paes mantém relação próxima.
O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), seu principal adversário, também não definiu quem vai ocupar a vaga de vice.
Ele foi procurado para comentar o caso do vídeo. Mas, segundo sua assessoria, "o deputado não tem conhecimento desse vídeo, apenas o que está sendo relatado pela imprensa".
As candidaturas precisam ser definidas até o dia 5 de agosto. As campanhas começam oficialmente em 16 de agosto. Os partidos têm até a véspera para registrar as chapas na Justiça Eleitoral.
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